Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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USO DE PSICOTRÓPICOS POR ADOLESCENTES INSTITUCIONALIZADOS NOS CENTROS DE SÓCIOEDUCAÇÃO (CENSE) DO ESTADO DO PARANÁ
ALLANA MARINA BUENO, ANA PAULA ALMEIDA ROCHA OHATA, CASSIANO ROBERT, SABRINA STEFANELLO, DEIVISSON VIANNA DANTAS SANTOS, MILENE ZANONI SILVA

Última alteração: 05-10-2020

Resumo


Introdução
As instituições responsáveis pela socioeducação de adolescentes em conflito com a lei são chamadas de Centros de Socioeducação (CENSE) os quais atendem as crianças e adolescentes que possuem a internação como medida socioeducativa. Nestes, deve-se preconizar a assistência individualizada para amenizar os efeitos danosos da privação de liberdade. Além disso, através de levantamento bibliográfico, constatou-se uma lacuna na produção científica brasileira com relação a este assunto, numa população que merece um tratamento mais a fundo. Neste trabalho, intenta-se compreender os impactos de tal institucionalização na saúde mental desta população.

Objetivo
Identificar o perfil sociodemográfico, de saúde mental e a prevalência do uso de psicotrópicos dos adolescentes inseridos nos Centros de Socioeducação (CENSE).

Metodologia
Foram coletados dados secundários referentes aos adolescentes institucionalizados nos 7 CENSES visitados, dos 19 existentes no Paraná, que em algum momento, em 2018, utilizaram qualquer medicamento psicotrópico. As informações coletadas dos prontuários foram digitadas em planilhas do Excel e importadas para o programa R, para Windows. Para análise descritiva, utilizaram-se medidas de ocorrência como média, mediana, desvio padrão, tercis e gráficos, bem como as frequências absolutas e relativas.

Resultados e Discussão
A prevalência do uso de psicotrópicos nos CENSE estudados é de 42%, ou seja, dos 887 adolescentes em privação de liberdade, 376 deles fizeram o uso de algum psicotrópico durante cumprimento da medida. Destes 376 adolescentes, o motivo pelo qual foram institucionalizados, o mais recorrente foi roubo (27,7%), seguido de homicídio (10,1%) e tráfico (6,9%).
Com relação a saúde mental, a maior parte deles (51,1 %) não tinha qualquer informação sobre diagnóstico. Dos que apresentaram esta informação, a maioria (21%) possui problemas relacionados ao uso de múltiplas drogas. Além disso, 69,9%, faziam uso de múltiplas drogas. E, em 2018, houve 60 tentativas de suicídio e todas as instituições tiveram tentativas computadas. A respeito do uso de psicotrópicos, constatou-se que em 53,5% dos adolescentes em uso, a terapia consiste em mais de 2 medicamentos simultaneamente.

Considerações finais
Diante dos dados estabelecidos e tendo em vista que a privação de liberdade, acaba por gerar ou agravar as demandas em saúde mental, como ideação suicida, automutilação, insônia e depressão relacionadas à clausura, o uso de psicotrópicos acaba sendo uma das estratégias mais utilizadas para amenizar estas demandas. A adoção da medicação deve, portanto, incluir uma permanente avaliação sobre os riscos e os benefícios, além de as diretrizes da política nacional incentivarem escolhas mais cautelosas.

Palavras-chave


Psychotropic Drugs; Adolescent; Institutionalized; Mental Health