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USO DE PSICOTRÓPICOS POR ADOLESCENTES INSTITUCIONALIZADOS NOS CENTROS DE SÓCIOEDUCAÇÃO (CENSE) DO ESTADO DO PARANÁ
Última alteração: 05-10-2020
Resumo
Introdução
As instituições responsáveis pela socioeducação de adolescentes em conflito com a lei são chamadas de Centros de Socioeducação (CENSE) os quais atendem as crianças e adolescentes que possuem a internação como medida socioeducativa. Nestes, deve-se preconizar a assistência individualizada para amenizar os efeitos danosos da privação de liberdade. Além disso, através de levantamento bibliográfico, constatou-se uma lacuna na produção científica brasileira com relação a este assunto, numa população que merece um tratamento mais a fundo. Neste trabalho, intenta-se compreender os impactos de tal institucionalização na saúde mental desta população.
Objetivo
Identificar o perfil sociodemográfico, de saúde mental e a prevalência do uso de psicotrópicos dos adolescentes inseridos nos Centros de Socioeducação (CENSE).
Metodologia
Foram coletados dados secundários referentes aos adolescentes institucionalizados nos 7 CENSES visitados, dos 19 existentes no Paraná, que em algum momento, em 2018, utilizaram qualquer medicamento psicotrópico. As informações coletadas dos prontuários foram digitadas em planilhas do Excel e importadas para o programa R, para Windows. Para análise descritiva, utilizaram-se medidas de ocorrência como média, mediana, desvio padrão, tercis e gráficos, bem como as frequências absolutas e relativas.
Resultados e Discussão
A prevalência do uso de psicotrópicos nos CENSE estudados é de 42%, ou seja, dos 887 adolescentes em privação de liberdade, 376 deles fizeram o uso de algum psicotrópico durante cumprimento da medida. Destes 376 adolescentes, o motivo pelo qual foram institucionalizados, o mais recorrente foi roubo (27,7%), seguido de homicídio (10,1%) e tráfico (6,9%).
Com relação a saúde mental, a maior parte deles (51,1 %) não tinha qualquer informação sobre diagnóstico. Dos que apresentaram esta informação, a maioria (21%) possui problemas relacionados ao uso de múltiplas drogas. Além disso, 69,9%, faziam uso de múltiplas drogas. E, em 2018, houve 60 tentativas de suicídio e todas as instituições tiveram tentativas computadas. A respeito do uso de psicotrópicos, constatou-se que em 53,5% dos adolescentes em uso, a terapia consiste em mais de 2 medicamentos simultaneamente.
Considerações finais
Diante dos dados estabelecidos e tendo em vista que a privação de liberdade, acaba por gerar ou agravar as demandas em saúde mental, como ideação suicida, automutilação, insônia e depressão relacionadas à clausura, o uso de psicotrópicos acaba sendo uma das estratégias mais utilizadas para amenizar estas demandas. A adoção da medicação deve, portanto, incluir uma permanente avaliação sobre os riscos e os benefícios, além de as diretrizes da política nacional incentivarem escolhas mais cautelosas.
As instituições responsáveis pela socioeducação de adolescentes em conflito com a lei são chamadas de Centros de Socioeducação (CENSE) os quais atendem as crianças e adolescentes que possuem a internação como medida socioeducativa. Nestes, deve-se preconizar a assistência individualizada para amenizar os efeitos danosos da privação de liberdade. Além disso, através de levantamento bibliográfico, constatou-se uma lacuna na produção científica brasileira com relação a este assunto, numa população que merece um tratamento mais a fundo. Neste trabalho, intenta-se compreender os impactos de tal institucionalização na saúde mental desta população.
Objetivo
Identificar o perfil sociodemográfico, de saúde mental e a prevalência do uso de psicotrópicos dos adolescentes inseridos nos Centros de Socioeducação (CENSE).
Metodologia
Foram coletados dados secundários referentes aos adolescentes institucionalizados nos 7 CENSES visitados, dos 19 existentes no Paraná, que em algum momento, em 2018, utilizaram qualquer medicamento psicotrópico. As informações coletadas dos prontuários foram digitadas em planilhas do Excel e importadas para o programa R, para Windows. Para análise descritiva, utilizaram-se medidas de ocorrência como média, mediana, desvio padrão, tercis e gráficos, bem como as frequências absolutas e relativas.
Resultados e Discussão
A prevalência do uso de psicotrópicos nos CENSE estudados é de 42%, ou seja, dos 887 adolescentes em privação de liberdade, 376 deles fizeram o uso de algum psicotrópico durante cumprimento da medida. Destes 376 adolescentes, o motivo pelo qual foram institucionalizados, o mais recorrente foi roubo (27,7%), seguido de homicídio (10,1%) e tráfico (6,9%).
Com relação a saúde mental, a maior parte deles (51,1 %) não tinha qualquer informação sobre diagnóstico. Dos que apresentaram esta informação, a maioria (21%) possui problemas relacionados ao uso de múltiplas drogas. Além disso, 69,9%, faziam uso de múltiplas drogas. E, em 2018, houve 60 tentativas de suicídio e todas as instituições tiveram tentativas computadas. A respeito do uso de psicotrópicos, constatou-se que em 53,5% dos adolescentes em uso, a terapia consiste em mais de 2 medicamentos simultaneamente.
Considerações finais
Diante dos dados estabelecidos e tendo em vista que a privação de liberdade, acaba por gerar ou agravar as demandas em saúde mental, como ideação suicida, automutilação, insônia e depressão relacionadas à clausura, o uso de psicotrópicos acaba sendo uma das estratégias mais utilizadas para amenizar estas demandas. A adoção da medicação deve, portanto, incluir uma permanente avaliação sobre os riscos e os benefícios, além de as diretrizes da política nacional incentivarem escolhas mais cautelosas.
Palavras-chave
Psychotropic Drugs; Adolescent; Institutionalized; Mental Health