Tamanho da fonte:
DETERMINANTES SOCIAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA EVIDENCIADOS NA PANDEMIA DA COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Última alteração: 05-10-2020
Resumo
Introdução: As desigualdades sociais foram amplamente evidenciadas neste momento de pandemia da COVID-19 quando, pelos meios de comunicação, é mostrada a realidade de diferentes estados e municípios brasileiros, com pessoas vivendo em situações de vulnerabilidade, sem saneamento básico, com redução das oportunidades de emprego e renda e, ainda, com o agravante do difícil acesso aos serviços públicos de saúde. Objetivo: Analisar a experiência do enfermeiro que atua diretamente na atenção a pacientes de saúde mental em tempos de pandemia da COVID-19. Material e Métodos: A experiência profissional de uma enfermeira que atua em um CAPS de Curitiba é analisada a partir de discussões mensais que aconteceram, por videoconferência, com os docentes e acadêmicos dos cursos de graduação em medicina, enfermagem integrantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) da UFPR. Resultados: A atuação da profissional da enfermagem focou-se em atividades de educação em saúde, abordando medidas de prevenção da COVID-19, junto aos usuários em tratamento no referido serviço de saúde. No entanto pessoas que vivem em situações de pobreza nas aglomerações urbanas, não têm o mínimo de recursos para seguir as importantes recomendações como ficar em isolamento social e fazer a higienização efetiva das mãos, essenciais para evitar a contaminação/propagação do coronavírus. No campo da economia, populações mais vulneráveis, de baixa renda e trabalhadores informais são os mais afetados pelo isolamento social, onde as fontes de recursos financeiros estão comprometidas, influenciando na saúde da população. A alimentação, muitas vezes, chega à mesa das famílias por meio de doações, as despesas fixas da casa como água, luz, gás de cozinha, telefone não estão sendo pagas, ocasionando um acúmulo de dívidas e gerando outros problemas de saúde, físicos e mentais. A escassez de recursos, a solidão e as incertezas do futuro interferem na saúde mental das pessoas. Isto vem ocorrendo mesmo para as pessoas até então saudáveis que, com efeitos deletérios produzidos pelo estresse, ansiedade, pensamentos de morte, tentativas de suicídio, acabam por gerar uma sobrecarga de atendimentos nos serviços de urgência e em outros pontos da rede de serviços de saúde como os Centros de Atenção Psicosocial – referências para os casos de urgência em saúde mental. Considerações finais: A saúde também deve ser pensada em termos de determinantes sociais, em um contexto sócio-econômico que envolve a redução da pobreza e das desigualdades sociais, imprescindível à promoção da saúde das populações. É necessário a mobilização de estratégias de proteção social fundamentais para salvar vidas e, para isso, o planejamento de políticas públicas de saúde deve envolver o controle social, as instituições acadêmicas de ensino e pesquisa e os serviços de saúde, garantindo a equidade no acesso da população que depende do Sistema Único de Saúde.
Palavras-chave
Determinantes Sociais; Saúde Mental; Enfermeiro