Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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INTERVENÇÃO JUNTO A TRABALHADORES DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO NO INÍCIO DA PANDEMIA DA COVID-19
EDUARDO WENGRAT BOECH, GABRIELA PIRES MALACRIDA, ANA CAROLINA DE CAMPOS, VERÔNICA SILVA NASCIMENTO MATTGE, ISIS MIDORI STYCHNICKI

Última alteração: 05-10-2020

Resumo


Introdução: Em março de 2020 a Organização Mundial da Saúde reconheceu a COVID-19 como pandemia. Considerando profissionais de saúde como população de alto risco para contágio, o Conselho Federal de Psicologia recomendou a elaboração de intervenções voltadas à saúde mental destes trabalhadores. A Política Nacional de Humanização incentiva a existência de espaços de cuidado para trabalhadores da saúde. Utilizando-se, então, de Rodas de Conversa como instrumento de participação, encontros e trocas, produção e ressignificação de saberes e vivências quatro psicólogos e uma enfermeira da residência multiprofissional em urgência e emergência elaboraram uma proposta de atuação em uma Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA).
Objetivo: Descrever o perfil dos trabalhadores; Expor demandas emergentes e estratégias de enfrentamento à pandemia.
Material e Métodos: Pesquisa quantitativa, descritiva e transversal, realizada com trabalhadores da UPA em uma cidade da região metropolitana de Curitiba. Os critérios de participação foram: ser trabalhador da unidade e ter disponibilidade/interesse. As rodas ocorreram de 07/04 a 22/05 de 2020, nas segundas, terças, quintas e sextas-feiras, às 10h30; 15h30; 17h30 e 19h20, com preenchimento de listas de presença.
Resultados: Os encontros tiveram um total de 286 participações, sendo 85,6% do sexo feminino e 14,3% do sexo masculino. A maior adesão ocorreu no mês de Abril (70%). Quanto às categorias profissionais, obteve-se maior participação de técnicos de enfermagem (50%), enfermeiras(os) (16%), serviços gerais (12%) e administrativo (8%). Outros totalizaram 30%, sendo: vigilantes (6%), médicos (2%), assistentes sociais (1%), farmacêuticas (1%) e técnico de Radiologia (0,3%). As demandas identificadas foram: falta de protocolos e fluxos de atendimento; modificações na estrutura física do serviço; risco de contaminação de colegas e familiares devido à exposição contínua a casos suspeitos; isolamento social; e intensificação do sofrimento subjetivo. Sobre as temáticas discutidas, destacou-se: protagonismo dos trabalhadores; incentivo à co-gestão; importância do autocuidado e uso correto de EPIs; autocrítica e autocobrança como disparadoras de sofrimento; replicação no cotidiano do conteúdo aprendido no treinamento realizado pela enfermagem; alívio de angústia através da fala.
Conclusão: A pandemia gera sofrimento nos âmbitos profissional e pessoal. Evidenciou-se a necessidade de práticas de corresponsabilização neste contexto. O medo do desconhecido e da finitude da vida é disparador de angústias e incertezas, influenciando na forma de enfrentamento e evidenciando a necessidade de discussões a respeito de novas formas de se produzir saúde. Por fim, notou-se o fortalecimento do vínculo entre os trabalhadores da UPA e a residência multiprofissional em urgência e emergência.

Palavras-chave


Residência não médica; Equipe multiprofissional; COVID-19