Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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VISITA TÉCNICA NO ENSINO DE SAÚDE COLETIVA: VIVÊNCIA DA DIVERSIDADE NA CASA DE PASSAGEM
SHAMARA CASTRO REZENDE, VICTÓRIA NOBRE LÚCIO GOMES, VINÍCIUS FERREIRA RENDE, SANTIAGO SOARES ROCHA, WALLISEN TADASHI HATTORI

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: A humanização do cuidado é tema crucial na formação do profissional de saúde e se expressa na percepção do humano como alguém que requer respeito, empatia e compreensão da sua experiência de adoecimento, possibilitando que o processo saúde-doença seja entendido como um fenômeno complexo e não limitado ao campo biológico. Assim, visitas técnicas podem ampliar o potencial humanizador de componentes curriculares na formação médica. Objetivo: Relacionar a vivência acadêmica às premissas das Diretrizes Curriculares Nacionais da Medicina e ressaltar a inserção dos discentes em atividades formativas visando à formação médica mais humanizada, considerando a possibilidade de transformação da cultura institucional e se expressando contra a violência institucional na área da saúde. Métodos: A atividade ocorreu em Uberlândia, na CEAMI Resgate Unidade III, casa de passagem destinada a famílias em situação de vulnerabilidade social. Inicialmente, realizou-se uma apresentação do serviço, o primeiro contato do grupo com a instituição e foi explicada a demanda, o perfil dos usuários que adentram o serviço e a capacidade de atendimento. Posteriormente, foi proposta uma roda de conversa em que o grupo teve acesso às histórias dos acolhidos. Resultados: Dentre as histórias relatadas pelos acolhidos, duas se destacaram. Um deles usara drogas por um longo período e, por isso, teve problemas com a família, como o fato de furtar itens domésticos para o sustento de seu vício. O segundo relato foi de uma acolhida que se encontrava em situação de rua após ter sido expulsa de casa, por sua mãe, ao relatar ter sido vítima de tentativa de estupro. Nesse sentido, foi evidenciado o impacto da violência sexual na vida desta mulher. A experiência foi crucial na formação acadêmica e pessoal dos participantes, pois foi possível observar a repercussão traumática dos vícios e da violência doméstica e sexual contra a mulher, além dos impactos da vulnerabilidade da população em situação de rua acerca das relações sociais. Durante a visita, notou-se a dificuldade de estabelecimento de vínculo entre alunos e usuários do serviço, que, muitas vezes, se privam de relacionamentos sociais como forma de proteção. Destarte, percebe-se esta dificuldade como uma potencialidade à formação acadêmica, permitindo valorização da criação do vínculo. Conclusão: A associação teórico-prática acerca das formas de lidar com indivíduos em condição de vulnerabilidade ainda é um desafio na formação médica. A atividade proposta pelo eixo de Saúde Coletiva II possibilitou uma dimensão melhor para estabelecer um convívio com pessoas de diferentes realidades biopsicossociais. Assim, o caminho para a efetivação do entendimento médico holístico do humano ainda não foi trilhado totalmente. Porém, experiências como a relatada, caso não sejam apenas pontuais, dão grandes passos para o cumprimento desse novo paradigma de saúde.

Palavras-chave


Palavras-chave: Vulnerabilidade Social; Educação Médica; Humanização da Assistência;