Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

Tamanho da fonte: 
ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ENTRE IDOSOS NO BRASIL NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
THALES LEMOS PIMENTEL, WESLEY ABIJAUDE, KAREN HELEN MARTINS CANAZART, EDUARDO FRIAS CORRÊA OLIVEIRA, JOÃO VITOR ANDRADE

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: Nas últimas décadas, com o envelhecimento da população brasileira, houve aumento da notificação de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre idosos (idade maior ou igual a 60 anos). Soma-se a esse cenário a permanência de desinformação sobre a realização de práticas sexuais que diminuam o risco de contrair alguma IST, bem como dos riscos de tais agravos, dado o tabu frente à temática sexualidade em idosos, cooperando para o aumento das notificações por ISTs neste grupo populacional. Objetivo: analisar os coeficientes de incidência de algumas das principais ISTs entre os idosos no Brasil, nos últimos cinco anos. Material e Métodos: Estudo quantitativo, conduzido por dados secundários, alocados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e nos Boletins Epidemiológicos emitidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Foram coletados dados referentes a notificações por hepatites virais, infecção por HIV e sífilis dentre idosos nos anos de 2014 a 2018, utilizando-se as bases de dados existentes para cada enfermidade. Os coeficientes de incidência anuais foram calculados dividindo-se o quantitativo de notificações pela população de idosos no Brasil. Resultados: Em relação às hepatites virais, houve elevação da incidência no período de 2014 a 2016 (incremento de 18,7%). Em contrapartida, tal coeficiente decresceu a mesma proporção (18,7%) entre 2017 e 2018. Para a infecção pelo HIV, o coeficiente de incidência seguiu constante ao longo dos cinco últimos anos, embora com discreta redução, atingindo mínimo de 7,3 casos em 2018 e máximo de 7,7 casos em 2014, a cada 100.000 habitantes, respectivamente. Por fim, quanto às notificações de sífilis, em 2014, os casos notificados somavam 10266, saltando para 29224 em 2018 (aumento de 184,7%). A incidência exibiu adição de 150,2%, sendo 20,5 casos em 2014 e 51,3 casos em 2018, a cada 100.000 habitantes, respectivamente. Conclusões: Dentre as ISTs avaliadas, todas expuseram, em algum momento, acréscimo no número de casos entre idosos nos últimos cinco anos. Destaca-se o aumento exponencial das notificações de sífilis decorrer da vigência de uma epidemia no país, iniciada há alguns anos. A constância da incidência de novas infecções pelo HIV reitera o controle da epidemia no Brasil, por meio de esforços do Sistema Único de Saúde em ofertar profilaxia, testes diagnósticos e manejo adequado da condição. Todavia, há de se ressaltar o discurso do Executivo nacional nos últimos meses, o qual propõe redução dos investimentos na pasta, colocando em risco tais conquistas. Ademais, os resultados ressaltam a persistência das ISTs como problemática na saúde pública brasileira, indicando necessidade de se abandonar o estigma da sexualidade entre idosos e investir em projetos de educação em saúde que viabilizem a aquisição de conhecimentos acerca de práticas sexuais que os tornem menos vulneráveis e expostos a tais complicações.

Palavras-chave


Doenças Sexualmente Transmissíveis; Saúde do Idoso; Epidemiologia;