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ANÁLISE DAS NOTIFICAÇÕES DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ENTRE IDOSOS NO BRASIL NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: Nas últimas décadas, com o envelhecimento da população brasileira, houve aumento da notificação de casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) entre idosos (idade maior ou igual a 60 anos). Soma-se a esse cenário a permanência de desinformação sobre a realização de práticas sexuais que diminuam o risco de contrair alguma IST, bem como dos riscos de tais agravos, dado o tabu frente à temática sexualidade em idosos, cooperando para o aumento das notificações por ISTs neste grupo populacional. Objetivo: analisar os coeficientes de incidência de algumas das principais ISTs entre os idosos no Brasil, nos últimos cinco anos. Material e Métodos: Estudo quantitativo, conduzido por dados secundários, alocados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e nos Boletins Epidemiológicos emitidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde. Foram coletados dados referentes a notificações por hepatites virais, infecção por HIV e sífilis dentre idosos nos anos de 2014 a 2018, utilizando-se as bases de dados existentes para cada enfermidade. Os coeficientes de incidência anuais foram calculados dividindo-se o quantitativo de notificações pela população de idosos no Brasil. Resultados: Em relação às hepatites virais, houve elevação da incidência no período de 2014 a 2016 (incremento de 18,7%). Em contrapartida, tal coeficiente decresceu a mesma proporção (18,7%) entre 2017 e 2018. Para a infecção pelo HIV, o coeficiente de incidência seguiu constante ao longo dos cinco últimos anos, embora com discreta redução, atingindo mínimo de 7,3 casos em 2018 e máximo de 7,7 casos em 2014, a cada 100.000 habitantes, respectivamente. Por fim, quanto às notificações de sífilis, em 2014, os casos notificados somavam 10266, saltando para 29224 em 2018 (aumento de 184,7%). A incidência exibiu adição de 150,2%, sendo 20,5 casos em 2014 e 51,3 casos em 2018, a cada 100.000 habitantes, respectivamente. Conclusões: Dentre as ISTs avaliadas, todas expuseram, em algum momento, acréscimo no número de casos entre idosos nos últimos cinco anos. Destaca-se o aumento exponencial das notificações de sífilis decorrer da vigência de uma epidemia no país, iniciada há alguns anos. A constância da incidência de novas infecções pelo HIV reitera o controle da epidemia no Brasil, por meio de esforços do Sistema Único de Saúde em ofertar profilaxia, testes diagnósticos e manejo adequado da condição. Todavia, há de se ressaltar o discurso do Executivo nacional nos últimos meses, o qual propõe redução dos investimentos na pasta, colocando em risco tais conquistas. Ademais, os resultados ressaltam a persistência das ISTs como problemática na saúde pública brasileira, indicando necessidade de se abandonar o estigma da sexualidade entre idosos e investir em projetos de educação em saúde que viabilizem a aquisição de conhecimentos acerca de práticas sexuais que os tornem menos vulneráveis e expostos a tais complicações.
Palavras-chave
Doenças Sexualmente Transmissíveis; Saúde do Idoso; Epidemiologia;