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VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA NA POPULAÇÃO LGBT NO ESTADO DO PARANÁ DE 2014 A 2017.
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: Evidências internacionais têm sinalizado que as pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) têm taxas elevadas de suicídio e autoagressão (violência autoprovocada) em comparação com os heterossexuais. No cenário nacional nas últimas décadas as políticas públicas de saúde vêm avançando a fim de propiciar meios de notificação desses casos de violência autoprovocada. Neste contexto, a vigilância em saúde do agravo da violência interpessoal e autoprovocada desde 2009 tem contribuído para a compreensão epidemiológica deste fenômeno e, em 2014, a inclusão de informações como orientação sexual, identidade gênero e o nome social na ficha de notificação de violência interpessoal e autoprovocada tem possibilitado identificar e monitorar os casos de violência sofridos pela população LGT. Objetivo: Este estudo tem como objetivo apresentar uma descrição parcial dos dados de violência contra LGT registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) no estado do Paraná, durante os anos de 2014 a 2017. Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo dos dados do SINAN referentes a violência autoprovocada em LGT no estado do Paraná de 2014 à 2017, sendo analisado os seguintes dados: identidade de gênero, orientação sexual, raça/cor, escolaridade, presença de deficiência/transtorno; meios de agressão, recorrência da violência. Resultados: De acordo com os dados do SINAN de 2014 a 2017 foram notificados 570 casos de violência autoprovocada na população LGT, no estado do Paraná, sendo 169 (29,6%) gays; 220 (38,5%) lésbicas; 28 (4,91%) travestis; 112 (19,6%) trans mulheres e 41 (7,19%) trans homens. Dentre estes a maioria se declarou como cor branca 428 (75,08%) e escolaridade predominante foi ensino médio completo 108 (18,9%). Entre os achados, 78 (13,6%) apresentavam algum tipo de transtorno mental. Em relação aos meios de agressão 352 (61,7%) dos casos, foi por envenenamento ou intoxicação, sendo o maior também em todos os grupos de identidade de gênero. Dos casos de violência autoprovocada, 231 (40,52%) sofreram recorrência. Conclusão: Apesar de haver algumas limitações na qualidade dos dados de orientação sexual e identidade de gênero, estes são campos essenciais para que se possa ativar análises de como ocorre a violência autoprovocada na população LGT, a fim de fomentar as políticas públicas de prevenção ao suicídio e automutilação.
Palavras-chave
Minoria de gênero e sexual; Violência autoprovocada; SINAN;