Tamanho da fonte:
CASOS DE INTERNAÇÃO POR INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS NO ESTADO DE GOIÁS
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
INTRODUÇÃO: O crescimento da população idosa tem chamado atenção para temas relacionados à saúde desse grupo, como sua sexualidade. A idade geralmente não elimina o desejo sexual, o que, somado aos tratamentos de reposição hormonal e fármacos para impotência, têm contribuído para o prolongamento das relações sexuais após os 60 anos. Todavia, o estereótipo associando idosos a uma vida sexual inativa permanece, tornando-os alheios aos riscos da prática sexual sem prevenção, aumentando sua taxa de incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST). OBJETIVOS: Analisar a prevalência das principais IST em idosos nos últimos dez anos no estado de Goiás. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico em que foram investigados dados do DATASUS, em Morbidade Hospitalar do SUS e “geral, por local de internação”, no período de 2009 a 2019. As variáveis pesquisadas foram internações, ano de processamento, faixa etária (considerando pessoas acima de 60 anos) e capítulo CID-10 (algumas doenças infecciosas e parasitárias). Dentre as doenças abordadas no capítulo, o estudo se restringiu às de transmissão sexual. RESULTADOS: No período considerado, o total de casos das afecções com transmissão sexual foi de 628. Dessas, as três mais prevalentes foram, pela lista CID-10, a Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV); Outras sífilis e Outras infecções com transmissão predominantemente sexual, enquanto infecção gonocócica e doenças por clamidíase configuraram apenas 7 internações. Houve um aumento considerável de idosos HIV positivo: 2019 apresentou acréscimo de 19% e de 41% em comparação aos anos de 2017 e 2018, respectivamente. Em Outras sífilis, 2019 foi o ano de maior ocorrência, com 33% a mais que 2017 e 300% superior a 2018. O último grupo expressou, em 2019, um aumento de 25% quando comparado ao ano de 2017 e 400% ao ano de 2018. Como causas desse cenário, a baixa adesão de preservativos entre idosos está em destaque, motivada pela estabilidade do relacionamento, confiança no parceiro, dificuldade no manuseio do preservativo e piora no desempenho sexual, além da menor preocupação com concepção. O tabu entre senescência e sexualidade leva a falhas políticas de incentivo à prevenção sexual entre idosos, além dos próprios profissionais que, por não considerarem as IST como ameaça, associam os sintomas queixados a outras enfermidades. CONCLUSÕES: Houve crescimento significativo na incidência de IST entre os idosos nos últimos dez anos no estado de Goiás. Embora esse acréscimo possa estar associado ao aumento das notificações, o comportamento de risco dos idosos e sua vulnerabilidade não podem ser desconsiderados. Assim, ressalta-se a importância de formular políticas de saúde pública que incluam o assunto à população senescente, em associação às mudanças na atuação dos profissionais de saúde, que devem considerar essas patologias como hipóteses diagnósticas durante sua investigação.
Palavras-chave
Doenças Sexualmente Transmissíveis; Prevenção Primária; Saúde do Idoso