Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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CASOS DE INTERNAÇÃO POR INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS NO ESTADO DE GOIÁS
ANA ISABEL SODRÉ LIMA, IASMINE PEREIRA RIBEIRO DE SENA SILVESTRE, LARA CARVALHO DE OLIVEIRA, ANA CAROLINA MIRANDA GONÇALVES, SABRINA MESSIAS DE ALMEIDA SANTOS

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


INTRODUÇÃO: O crescimento da população idosa tem chamado atenção para temas relacionados à saúde desse grupo, como sua sexualidade. A idade geralmente não elimina o desejo sexual, o que, somado aos tratamentos de reposição hormonal e fármacos para impotência, têm contribuído para o prolongamento das relações sexuais após os 60 anos. Todavia, o estereótipo associando idosos a uma vida sexual inativa permanece, tornando-os alheios aos riscos da prática sexual sem prevenção, aumentando sua taxa de incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST). OBJETIVOS: Analisar a prevalência das principais IST em idosos nos últimos dez anos no estado de Goiás. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico em que foram investigados dados do DATASUS, em Morbidade Hospitalar do SUS e “geral, por local de internação”, no período de 2009 a 2019. As variáveis pesquisadas foram internações, ano de processamento, faixa etária (considerando pessoas acima de 60 anos) e capítulo CID-10 (algumas doenças infecciosas e parasitárias). Dentre as doenças abordadas no capítulo, o estudo se restringiu às de transmissão sexual. RESULTADOS: No período considerado, o total de casos das afecções com transmissão sexual foi de 628. Dessas, as três mais prevalentes foram, pela lista CID-10, a Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV); Outras sífilis e Outras infecções com transmissão predominantemente sexual, enquanto infecção gonocócica e doenças por clamidíase configuraram apenas 7 internações. Houve um aumento considerável de idosos HIV positivo: 2019 apresentou acréscimo de 19% e de 41% em comparação aos anos de 2017 e 2018, respectivamente. Em Outras sífilis, 2019 foi o ano de maior ocorrência, com 33% a mais que 2017 e 300% superior a 2018. O último grupo expressou, em 2019, um aumento de 25% quando comparado ao ano de 2017 e 400% ao ano de 2018. Como causas desse cenário, a baixa adesão de preservativos entre idosos está em destaque, motivada pela estabilidade do relacionamento, confiança no parceiro, dificuldade no manuseio do preservativo e piora no desempenho sexual, além da menor preocupação com concepção. O tabu entre senescência e sexualidade leva a falhas políticas de incentivo à prevenção sexual entre idosos, além dos próprios profissionais que, por não considerarem as IST como ameaça, associam os sintomas queixados a outras enfermidades. CONCLUSÕES: Houve crescimento significativo na incidência de IST entre os idosos nos últimos dez anos no estado de Goiás. Embora esse acréscimo possa estar associado ao aumento das notificações, o comportamento de risco dos idosos e sua vulnerabilidade não podem ser desconsiderados. Assim, ressalta-se a importância de formular políticas de saúde pública que incluam o assunto à população senescente, em associação às mudanças na atuação dos profissionais de saúde, que devem considerar essas patologias como hipóteses diagnósticas durante sua investigação.

Palavras-chave


Doenças Sexualmente Transmissíveis; Prevenção Primária; Saúde do Idoso