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FAMILIARES DE USUÁRIOS DE DROGAS EM BUSCA DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: A compreensão das políticas públicas e das relações sociais associadas à intensificação do consumo de drogas nos espaços urbanos demanda diferentes opções de prevenção do uso e de cuidado ao usuário e seus familiares. São necessárias intervenções integradas de caráter cognitivo-comportamental e autoajuda, tratamento medicamentoso e medidas de reinserção social para a pessoa dependente e seus familiares, usualmente codependentes. Objetivo: descrever as vivências de familiares de usuários de drogas em busca de cuidado na rede de atenção psicossocial. Método: Trata-se de estudo exploratório e transversal, com familiares de usuários de substâncias psicoativas como informantes-chave e analisadores do cuidado recebido pelo membro familiar nos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial. Participaram 29 familiares de usuários de drogas internados com trauma físico, notificados em um centro de informação e assistência toxicológica, utilizando roteiro semiestruturado e entrevistas domiciliares. Resultados: Os familiares conviviam em média há 20,8 anos com comportamento aditivo intrafamiliar, principalmente o uso de bebida alcoólica, em um contexto de períodos curtos de recaídas e abstinência, e elevada violência intrafamiliar e social. O tempo para reconhecer a nocividade do uso e a dependência pelas famílias foi, em média, de 4,1 anos e, 16 famílias afirmaram iniciar imediatamente a “busca de ajuda” no sistema público de saúde, mas 13 não acessaram os serviços, afirmando que os usuários se recusaram a aceitar o tratamento. Encontrou-se, no entanto, 18 (62,1%) familiares que estavam em constante processo de busca de estratégias para a cessação/redução de danos do abuso de drogas pelo usuário. Acessaram serviços de saúde e social de base comunitária, como Unidade Básica de Saúde (01 – 3,4%), o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (05 – 17,2%) e o Centro de Referência de Assistência Social (02 - 6,9%), mas, sobretudo, serviços de atenção em regime de internação e acolhimento, como o hospital psiquiátrico (10 – 34,5%), comunidade terapêutica (11 – 37,9%) e hospital geral (01 – 3,4%), além de igreja (03 – 10,3%) e grupos de mútua ajuda (04 – 13,8%). Conclusão: A oportunidade de quebra do ciclo de dependência e continuidade do cuidado, com foco na atenção psicossocial e na unidade familiar, não aconteceram nas famílias investigadas.
Palavras-chave
Acesso aos serviços de saúde; Transtornos relacionados ao uso de substâncias; Enfermagem em Saúde Pública;