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IDOSOS LONGEVOS EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA: O FLERTE COM A MORTE
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução
Nas últimas décadas, o envelhecimento populacional foi marcado pelo aumento da expectativa de vida na maioria dos países do mundo com o crescimento da quantidade de idosos com 80 anos ou mais. A vulnerabilidade dessa etapa da vida se dá pelos adoecimentos, perda de autonomia e dependência, tendo em vista a fragilidade social e biológica dos idosos longevos.
Esses mesmos atores além de lidar com tais delicadezas, ocupam-se com a significação da morte. Sendo ela um processo biológico e uma construção social pode ser experienciada de diferentes maneiras, de acordo com os significados compartilhados pelo momento histórico e pelos contextos socioculturais que os influenciam. Dessa forma, torna-se fundamental a discussão e compreensão dessa vivência tão complexa, tendo em vista que o morrer gera angústias, as quais são acentuadas por fragilidades como a dependência.
Objetivo
Analisar as narrativas relativas à morte produzidas por idosos longevos em situação de dependência em municípios de diferentes regiões do Brasil.
Material e Métodos
Este é um estudo qualitativo que faz parte de uma pesquisa multicêntrica cujo foco é formular subsídios para a construção de políticas públicas sobre dependência.
A investigação foi realizada em oito municípios brasileiros: Araranguá (SC), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Teresina (PI) durante o ano de 2019. Participaram deste estudo 21 idosos com idade superior a 80 anos e com algum tipo de dependência física, social, mental ou cognitiva.
As narrativas foram coletadas por meio de entrevistas semiestruturadas, utilizando um instrumento construído por pesquisadores de diferentes universidades brasileiras. Os achados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo do Tipo Temática e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz.
Resultados
A morte constituiu-se como um tema presente nas narrativas de todos os entrevistados, configurando-se como um evento insuportável, irreparável e doloroso. Identificou-se que o morrer produz sentimentos de medo, incerteza, raiva, frustração, tristeza, negação e libertação da condição em que o idoso se encontra. A morte de pessoas próximas também emergiu como uma fragilidade que ocasiona desorganização social, em que o luto se constitui como um processo longo de ressignificação da perda com a necessidade de estratégias de resistência para superar a dor causada pela morte do outro.
Conclusão
Foi possível evidenciar que a morte é um processo no qual os idosos flertam cotidianamente, tendo em vista a presença desse tema em suas narrativas e a vulnerabilidade biológica e social na qual se encontram. O cuidado produzido ao idoso dependente deve incluir os sentimentos oriundos deste tema, no sentido de minimizar os agravos decorrentes de uma sociedade que inviabiliza e mantém como tabu o tema da morte.
Nas últimas décadas, o envelhecimento populacional foi marcado pelo aumento da expectativa de vida na maioria dos países do mundo com o crescimento da quantidade de idosos com 80 anos ou mais. A vulnerabilidade dessa etapa da vida se dá pelos adoecimentos, perda de autonomia e dependência, tendo em vista a fragilidade social e biológica dos idosos longevos.
Esses mesmos atores além de lidar com tais delicadezas, ocupam-se com a significação da morte. Sendo ela um processo biológico e uma construção social pode ser experienciada de diferentes maneiras, de acordo com os significados compartilhados pelo momento histórico e pelos contextos socioculturais que os influenciam. Dessa forma, torna-se fundamental a discussão e compreensão dessa vivência tão complexa, tendo em vista que o morrer gera angústias, as quais são acentuadas por fragilidades como a dependência.
Objetivo
Analisar as narrativas relativas à morte produzidas por idosos longevos em situação de dependência em municípios de diferentes regiões do Brasil.
Material e Métodos
Este é um estudo qualitativo que faz parte de uma pesquisa multicêntrica cujo foco é formular subsídios para a construção de políticas públicas sobre dependência.
A investigação foi realizada em oito municípios brasileiros: Araranguá (SC), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Teresina (PI) durante o ano de 2019. Participaram deste estudo 21 idosos com idade superior a 80 anos e com algum tipo de dependência física, social, mental ou cognitiva.
As narrativas foram coletadas por meio de entrevistas semiestruturadas, utilizando um instrumento construído por pesquisadores de diferentes universidades brasileiras. Os achados foram analisados por meio da Análise de Conteúdo do Tipo Temática e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz.
Resultados
A morte constituiu-se como um tema presente nas narrativas de todos os entrevistados, configurando-se como um evento insuportável, irreparável e doloroso. Identificou-se que o morrer produz sentimentos de medo, incerteza, raiva, frustração, tristeza, negação e libertação da condição em que o idoso se encontra. A morte de pessoas próximas também emergiu como uma fragilidade que ocasiona desorganização social, em que o luto se constitui como um processo longo de ressignificação da perda com a necessidade de estratégias de resistência para superar a dor causada pela morte do outro.
Conclusão
Foi possível evidenciar que a morte é um processo no qual os idosos flertam cotidianamente, tendo em vista a presença desse tema em suas narrativas e a vulnerabilidade biológica e social na qual se encontram. O cuidado produzido ao idoso dependente deve incluir os sentimentos oriundos deste tema, no sentido de minimizar os agravos decorrentes de uma sociedade que inviabiliza e mantém como tabu o tema da morte.
Palavras-chave
Morte; Idoso; Idoso dependente;