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JUSTIFICATIVAS PARA INDICAÇÃO DE PARTO CESÁREA EM PARTURIENTES ATENDIDAS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE UBERLÂNDIA ENTRE 2013 E 2017
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: A prevalência da operação cesariana tem apresentado aumento em vários países do mundo nas últimas décadas. No Brasil, em 1970, a taxa de cesáreas era de 15% e, em 2012, 55,7% de todos os partos. Ressalta-se que a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza como taxa aceitável de cesárea um percentual entre 10% e 15%. Cesáreas realizadas de forma adequada e seguindo uma indicação médica precisa são procedimentos potencialmente salvadores de vidas. Entretanto, o fornecimento de cesarianas seguras e oportunas ainda é um grande desafio em países com grande mortalidade materna, como o Brasil. Em 2015, foi lançado o Projeto Parto Adequado (PPA) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar com o apoio do Ministério da Saúde, um projeto que visa fornecer apoio aos hospitais que desejam reorganizar o modelo de atenção ao parto e nascimento, ao qual o Hospital de Clínicas de Uberlândia da Universidade Federal de Uberlândia (HCU-UFU) aderiu e pelo qual realizamos essa pesquisa. Objetivo: Buscando conhecer a relação entre as informações científicas atuais e a realidade, este projeto teve como objetivo realizar uma análise das justificativas de indicação de cesarianas realizadas em parturientes atendidas no setor de Ginecologia e Obstetrícia do HCU-UFU, entre 2013 e 2017. Material e métodos: As informações foram coletadas a partir da análise individual de prontuários físicos do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HCU-UFU, entre 2013 e 2017, seguindo formulário previamente redigido para coleta de dados, organizando os 60 itens coletados por prontuário em uma planilha, utilizando como base o protocolo assistencial do HCU-UFU de 2019 sobre indicações de cesárea (PARO, 2019). Resultados: Foram realizados 11.980 partos no HCU-UFU entre 2013 e 2017, sendo 6.740 cesáreas. Apenas 2595 das cesáreas realizadas apresentavam alguma justificativa escrita em prontuário para a indicação da via de parto. Destas, 1425 possuem um registro de indicação formal de cesariana. As outras 4145 cesarianas estavam sem preenchimento da indicação no prontuário. Fica evidente que o serviço analisado ainda está distante daquilo que a OMS preconiza, sendo constatada uma taxa de 56% de partos cesáreas no período analisado. Ressalta-se que apenas 2595 das 6740 cesarianas realizadas estavam preenchidas com alguma indicação, demonstrando que a minoria dos prontuários apresentava essa informação, o que revela uma importante subnotificação de dados, fato que pode alterar substancialmente a real situação da amostra analisada. Considerações finais: Deve-se instituir um protocolo no serviço que possa orientar os profissionais da saúde quanto às indicações corretas de cesárea, baseadas em evidências científicas que demonstrem real benefício da escolha da via de parto. Além disso, dando enfoque ao pré-natal, é preciso orientar as gestantes sobre os riscos da cesariana, evitando que operações desnecessárias sejam realizadas.
Palavras-chave
Parto; saúde materno-infantil; cesárea;