Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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FATOR DE PROTEÇÃO E PRESENÇA DE (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO BOLSA FAMÍLIA
EMILAINE FERREIRA DOS SANTOS, CARYNA EURICH MAZUR, PAULA HOBI WEISS CUNHA DE CASTILHO, MARIA ELIANA MADALOZZO SCHIEFERDECKER, ANGÉLICA ROCHA DE FREITAS MELHEM

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: A segurança alimentar e nutricional (SAN) permeia o conceito de que todos devem ter acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficiente, sem que haja comprometimento de outras necessidades básicas. No Brasil, com o passar das décadas a SAN foi incorporada cada vez mais na agenda de ações de saúde pública. Dentre as ações do governo, estão os programas de transferência de renda como o Programa Bolsa Família (PBF). Grande parte do benefício é utilizado por famílias na aquisição de alimentos e insumos básicos para sobrevivência, porém, a qualidade do que é adquirido nem sempre é tida como prioridade, o que afeta significativamente a presença de insegurança alimentar e nutricional (IAN) no domicílio. Objetivo: Verificar a existência de fatores de proteção e a presença de IAN em famílias beneficiárias do PBF em um bairro de periferia do município de Guarapuava, PR. Método: Estudo transversal, composto por duas partes: primeira retrospectiva com levantamento dos marcadores de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) com prontuários de famílias beneficiárias do PBF e cadastradas na unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Segunda parte com a aplicação da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA) no domicílio das famílias triadas. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICENTRO (nº2.226.385/2017). Os dados foram apresentados por meio de estatística descritiva e para determinar quais marcadores de consumo alimentar eram fatores de proteção da IAN foi utilizada a regressão logística bivariada, com auxílio do software SPSS versão 22.0, com nível de significância de 5%. Resultados: Foram avaliadas 104 famílias, dessas 88,46% (n=92) apresentavam algum grau de IAN no domicílio. Além disso, das 86 famílias que possuíam a presença de menores de 18 anos, 89,53% (n=77) apresentaram também algum grau de IAN. Dentre a associação dos marcadores alimentares do chefe da família com presença de IAN ou SAN no domicílio, o consumo de feijão apresentou significância estatística (p: 0,020; OR = 0,190; IC 95%: 0,047 – 0,774), atuando como fator protetor contra a IAN. Os demais marcadores como consumo de frutas frescas, verduras/legumes e hambúrguer/embutidos não apresentaram associação com a presença de IAN ou SAN. Conclusão: A IAN está presente em grande parte das famílias beneficiárias neste estudo, principalmente em domicílios onde há a presença de menores de 18 anos. Essa situação pode privar o acesso a alimentos com qualidade nutricional adequada e essencial para o desenvolvimento dos adolescentes. O feijão como fator protetor parece apontar, para o consumo de produtos minimamente processados na alimentação, além de pertencer a cultura alimentar brasileira, ser fonte importante de nutrientes e item essencial em cestas básicas.

Palavras-chave


Fome; Nutrição; Política social; Saúde pública