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FATORES ASSOCIADOS À MORTALIDADE DE CRIANÇAS POR LEISHMANIOSE VISCERAL EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE SÃO LUÍS- MARANHÃO
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: Leishmaniose visceral (LV), popularmente conhecida como Calazar, é uma doença crônica grave causada por espécies de protozoários pertencentes ao gênero Leishmania, cuja letalidade no homem pode alcançar 10% quando não se institui o tratamento adequado. Objetivo: Identificar os fatores que contribuíram para o óbito de crianças em um hospital de referência de São Luís – MA, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2018. Metodologia: Estudo do tipo retrospectivo, cujos dados foram coletados nos prontuários clínicos dos pacientes e analisadas as variáveis: sexo, procedência, manifestações clínicas (sinais e sintomas) na admissão, dados laboratoriais, comorbidades, dias de evolução da doença e o tratamento instituído. Após a coleta dos dados, as associações entre os fatores de risco e o óbito foram expressas em oddsratio (OR), o nível de significância de 0,5% e o nível de confiança (IC) de 95%, foram identificadas as variáveis em associação com o desfecho. Resultados: A maioria dos casos refere-se às crianças da zona rural (85%), do sexo masculino (53,4%) e menores de 10 anos (95,4%). Quanto as manifestações clínicas os principais sintomas destacam-se: febre (95,9%), astenia (49,8%), apatia (71,4%), hepatomegalia em grau I (58,8%) e esplenomegalia em grau II (59,9%). Quanto ao tratamento e taxa de mortalidade 75,8% são tratados apenas com Glucantime e a mortalidade 8% a 10% entre os que não são tratados com Glucantime nem em conjugação com outro medicamento. A porcentagem de óbito foi maior entre os lactentes de 0 a 01 ano (14%), com resultado negativo no teste rápido (14,8%), sem febre (25%), com edema (17,2%), com episódios hemorrágicos (21,2%). Pacientes que não apresentaram febre (OR 15,29; IC 95%: 2,61-89,68), que apresentaram astenia (OR 10,04; IC 95%: 1,20-83,76), sem informação da atividade protrombínica (OR 8,30; IC 95%: 1,94-35,56), com hepatite (OR 8,60; IC 95%: 2,53-29,23) e que não foram tratados com Glucantime (OR 22,18; IC 95%: 6,95-70,78) tiveram maior chance de evoluir para óbito (p<0,05). Conclusão: Apesar dos esforços para diagnosticar e conter a LV, a doença continua sendo um problema de saúde pública no Maranhão, onde os dados revelam que a principal razão dos números alarmantes de óbitos pela doença se dá pelo diagnóstico e tratamento tardios e como maior índice de óbitos dentre os pacientes testados das diferentes maneiras estão aqueles cujo resultado do teste rápido foi negativo.
Palavras-chave
Leishmaniose visceral; óbito; fatores de risco