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A PROBLEMÁTICA DA SÍFILIS CONGÊNITA TRADUZIDA EM NÚMEROS: ANÁLISE A PARTIR DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: A Sífilis Congênita (SC) é entendida como um problema de saúde pública pelo não cumprimento de suas metas de redução de incidência. A nível nacional, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em 2017, 24.666 casos de SC. Sendo assim, urge-se a necessidade de investigação deste tema. Neste estudo, a localidade alvo foi o município de Santa Maria, localizado no interior do Rio Grande do Sul. Objetivos: Caracterizar o quadro epidemiológico de SC em Santa Maria, em especial a incidência e aspectos socioeconômicos a ela relacionados, no período de 2004 a 2018. Material e Métodos: Estudo descritivo e analítico que utilizou o SINAN para obter a incidência e caracterização sociodemográfica dos casos de SC, e o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos para verificar os nascimentos informados no período indicado. Após o processamento dos dados, realizou-se análise quali-quantitativa do quadro epidemiológico. Resultado: No SINAN, foram obtidas informações de 2004 a 2006 e de 2009 a 2018. Não foram encontradas informações precisas sobre 2007 e 2008. Nos anos com dados disponíveis, houve 399 casos de SC em Santa Maria e nascimento de 45.269 crianças, logo a média de incidência foi de 8,81/1000 NV. Os anos com maior e menor incidências foram 2017 e o biênio 2004 e 2006 com, respectivamente, 71 e 3 casos. A faixa etária predominante da mãe é 20 a 29 anos, com escolaridade média da quinta à oitava série incompleta e de maioria branca; 74,4% realizaram consultas pré-natal e 46,6% dos parceiros das mães não foram tratados. Em nenhum dos 15 anos investigados a taxa de incidência de SC foi menor que 0,5/1000 NV, meta do Ministério da Saúde para 2015. Em 2017, a taxa de incidência (20,2/1000 NV) apenas não foi maior do que a de 4 capitais brasileiras. Quanto aos aspectos sociodemográficos, percebe-se semelhanças ao comparar Santa Maria com o Rio Grande do Sul e Brasil. A faixa etária e escolaridade predominantes da mãe são, respectivamente, 20 a 29 anos e quinta à oitava série incompletas; a cor da mãe, no âmbito municipal e estadual, foi majoritariamente branca e, a nível nacional, parda. Em Santa Maria, 74.4% das mães realizaram pré-natal e 46.6% dos parceiros não foram tratados. No Rio Grande do Sul, esses números são, respectivamente, 79.4% e 50.7% e, no Brasil, na mesma ordem, 78.4% e 62.4%. Portanto, Santa Maria ofertou menos pré-natal, mas foi onde mais tratou os parceiros das mães. Conclusões: As taxas de incidência de SC em Santa Maria são expressivamente superiores à média nacional. O perfil sociodemográfico da mãe, à exceção da cor, é semelhante à média estadual e nacional; contudo, em comparação com estas localidades, o município ofertou pré-natal para menos gestantes. Com isso, mostra-se necessário ampliar e qualificar a oferta de pré-natal em Santa Maria, o que perpassa inevitavelmente pelo aumento de cobertura populacional da Atenção Primária à Saúde neste município.
Palavras-chave
Sífilis Congênita; Saúde Pública; Políticas Públicas de Saúde;