Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE AMOSTRAS DE URINA COMO ALTERNATIVA PARA DETECÇÃO VIRAL DE SARAMPO
ETIENNE WESSLER COAN, PATRICIA ALVES MORKING, ANA PAULA STELMACH SILVA HAGEDORN, GABRIELE LUISE NEVES ALVES, DEBORAH DE CASTRO MOREIRA, FELIPE POSSAS NEVES

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: Com o advento da atual pandemia mundial de COVID-19 e a consequente necessidade de realização de testes em massa da população, a demanda pelo meio de transporte viral (MTV) e pelos insumos para a fabricação dos mesmos aumentou significativamente, acarretando na indisponibilidade destes para o diagnóstico de outras doenças respiratórias virais, como o sarampo. Em agosto de 2019, um surto de sarampo foi evidenciado no Paraná, atingindo o pico do número de casos em novembro deste mesmo ano. Apesar da queda observada no número de casos, a situação de surto continua mantida até os dias atuais.
Objetivo: encontrar uma alternativa à utilização de amostras provenientes de secreção de nasofaringe e orofaringe (SNOF) para a detecção do vírus do sarampo por biologia molecular, através da avaliação do potencial de amostras de urina (U), considerando a facilidade da coleta desse material.
Material e Método: Amostras referentes a 668 pacientes de ambos os sexos e de diferentes faixas etárias, que reportaram sintomatologia compatível com sarampo, tiveram seus dados avaliados no concernente a correlação entre os resultados das amostras de SNOF e U. Tais amostras, oriundas de casos suspeitos de municípios do estado do Paraná, foram coletadas entre agosto e dezembro de 2019, sendo as análises realizadas no Laboratório Central do Paraná (LACEN/PR), por meio da tecnologia de Reação em Cadeia da Polimerase via Transcriptase Reversa em tempo real (qRT-PCR), seguindo adaptação do protocolo descrito pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Resultados: Observou-se que 293 das 668 amostras de SNOF apresentaram detecção de material genético viral (MGV), sendo que 86% das amostras de U correlatas demonstraram-se em concordância com estas. Em 12 amostras de U houve a detecção de MGV sem a detecção do mesmo na amostra SNOF equivalente. Finalmente, a não detecção de MGV em ambas as amostras foi observada em 363 casos, onde foi necessário avaliar o resultado da pesquisa dos anticorpos IgM e IgG contra sarampo, realizada por enzimaimunoensaio em amostras de soro, para classificação final dos casos.
Conclusão: O protocolo do Ministério da Saúde para diagnóstico laboratorial do sarampo recomenda a pesquisa dos anticorpos IgM e IgG em amostras de soro, e a detecção viral em amostras de urina e swabs combinados da nasofaringe e orofaringe. Entretanto, na ocorrência de surtos concomitantes à pandemia de COVID-19, quando a escassez de MTV se torna uma realidade, as observações contidas nesse trabalho apontam para a possibilidade da utilização da amostra de urina como alternativa viável no diagnóstico viral de sarampo.

Palavras-chave


Sarampo; PCR em tempo real; Exame de urina