Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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PERFIL DE ÓBITOS POR CAUSAS EXTERNAS NO ESTADO DO CEARÁ NOS ÚLTIMOS 10 ANOS: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA COMPARATIVA.
DIEGO MENDONÇA VIANA, RAYANE ALVES LACERDA

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Os óbitos por causas externas tem sido um tema relevante para a saúde pública no país em virtude do impacto na sociedade. Neste sentido, o presente estudo se configura como um esforço científico para estruturar o conhecimento em saúde coletiva com vistas a debater o tema sobre o perfil dos óbitos por causas externas registrados no estado do Ceará nos últimos 10 anos (2010-2020). O objetivo do geral do trabalho é compreender o perfil de óbitos por causas externas no estado do Ceará no período entre 2010 e 2020. Os objetivos específicos são: descrever os principais dados epidemiológicos a respeito dos óbitos por causas externas no Ceará e refletir criticamente sobre os dados e sua correlação com fatores históricos, sociais e de saúde. A metodologia desta pesquisa utilizou-se de métodos quantitativos de estatística descritiva conjugados com métodos de análise de dados de base qualitativa. Os dados utilizados foram secundários, disponíveis na plataforma chamada Integrasus da Secretaria da Saúde do Governo do Estado do Ceará. A coleta de dados foi realizada por meio da seleção do indicador “mortalidade por causas externas”, período de janeiro de 2010 a janeiro de 2020, incluindo as notificações de todos os municípios do estado do Ceará (184 municípios). Foram analisados os seguintes subindicadores: taxa de mortalidade por causas externas por ano; taxa de mortalidade por causas externas por mês; óbitos por sexo; óbitos por faixa etária e óbitos por Classificação Internacional de Doenças (CID). Os resultados apontam para o seguinte perfil de óbitos. Em relação ao indicador “taxa de mortalidade por causas externas por ano”, houve baixa oscilação entre 8,88% em 2010 e 10,26 % em 2018. Em 2019 e 2020, este indicador caiu bastante (7,31% em 2019 e 2,96% em 2020), provavelmente em função de subnotificação ou de efetividade nas políticas de prevenção aos óbitos. No indicador “taxa de mortalidade por causas externas por mês”, percebe-se na série histórica que os meses de março, outubro e dezembro são os de maior incidência de casos. No indicador “óbitos por sexo”, se destacam os óbitos do sexo masculino (86,17% dos casos), seguido pelo sexo feminino (13,82% dos casos). O indicador “óbitos por faixa etária” demonstra que a faixa de 20 a 39 anos é a de maior ocorrência (40.126 casos). No indicador “óbitos por (CID)”, a primeira posição é ocupada pela razão “agressão por meio de disparo de outra arma de fogo ou de arma não especificada”. Conclui-se que o Ceará tem mantido uma média de óbitos por suicídio, com indícios de abrupta subnotificação ou efetividade das ações de prevenção em 2019 e 2020. Faz-se necessário haver estudos comportamentais e sociais mais aprofundados sobre o porquê os meses de março, outubro e dezembro ocorrem picos de óbitos, bem como será profícuo debater sobre o fato do uso de armas de fogo ser o método mais utilizado no contexto dos óbitos. Estes dados podem contribuir com políticas de prevenção aos óbitos desta natureza.

Palavras-chave


Epidemiologia; Causas Externas; Ceará;