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VIGILÂNCIA DE VIOLÊNCIA INTERPESSOAL E AUTOPROVOCADA NA CIDADE DE CURITIBA-PR
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
A violência é conceituada como “o uso da força física ou do poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em lesão, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação”, segundo o Primeiro Relatório Mundial de Violência e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS - 2002). Ela pode ser classificada com auto infligida, interpessoal ou coletiva, e ainda possuir diferentes naturezas, sendo elas: sexual, estupro, física, tortura, psicológica e moral, ou negligência e abandono. Dados disponíveis no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) mostram um aumento pronunciado no número de notificações de violência no Brasil. O presente estudo tem como objetivo analisar as notificações de violência na cidade de Curitiba, Paraná, no período de 2013-2017. Para tanto os dados foram coletados por meio do Sistema da Informações do DATASUS - Tabnet. As informações coletadas e analisadas foram sexo, raça, faixa etária e escolaridade da vítima, tipo de agressão e informações do agressor, tais como sexo e parentesco (mãe, pai, madrasta, padrasto, cônjuge, ex-cônjuge e desconhecido). As informações foram armazenadas em planilhas do Programa Microsoft Excel e analisadas por meio de análise descritiva e inferencial dos dados. Avaliando o período de 5 anos identificou-se que 60,9% dos casos de violência aconteceram no sexo feminino, 38,9% no sexo masculino e 0,2% sexo desconhecidos. Ao avaliar a ocorrência de violência a cada 1000 habitantes, identificou-se em 2013 que 4,36 mulheres em cada 1000 eram vítimas de violência, enquanto em 2017 esse número aumentou para 6,12. Já para cada 1000 homens, no ano de 2013 eram 3,07 e em 2017 eram 4,22. A faixa etária mais acometida com violência entre as mulheres foi entre 15 a 19 anos (17,2 %) e nos homens foi de 10 a 14 anos (21,9%). O tipo de violência mais evidenciado nesse período foi a negligência e abandono sendo reportado em média 2,39 a cada 1000 habitantes, seguido da violência física (1,27), psicológica moral (0,79), sexual e estupro (0,45). Nesse cenário identificou-se que a redução mais significativa foi violência psicológica e moral ao longo do período de 5 anos. Quando observados os agressores, identificou-se a mãe como principal atuante (47,61%), seguido do pai (30,75%), desconhecido (7,95%) e cônjuge (7,28%). Frente a esse cenário, ressalta-se a necessidade da divulgação ampliada dos dados para que a população conheça a realidade, bem como os órgãos governamentais. Identificou-se que os principais agressores notificados foram os pais e é notório o acometimento da violência entre os adolescentes. Isso evidencia a importância da discussão dessa temática, bem como a capacitação dos profissionais de unidades notificadoras no reconhecimento dos sinais de violência nessa população.
Palavras-chave
Violência; Saúde da mulher; Monitoramento epidemiológico;