Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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PREVALÊNCIA DOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER NA REGIÃO DE SOBRAL-CE E NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2013 A 2017
LETÍCIA FREITAS DE MESQUITA, FRANCISCO CLEZION FRANCA VASCONCELOS JÚNIOR, YASMIN SABOIA MOREIRA, JÚLIA OLIVEIRA DE ASSIS, SÂNKIA MARIA LOPES ARAGÃO

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: No Brasil, a cada hora, mais de 500 mulheres são agredidas. Diante disso, ressalta-se que a violência contra a mulher consiste em um grave problema de saúde pública no país. Esse tipo de crime ocorre majoritariamente nos ambientes domiciliares, em torno de 42%, afetando mulheres de todas as idades, classes sociais e culturas. Nesse contexto, a subnotificação dos casos é um grande desafio à coleta efetiva de dados, pois depende, na maioria das vezes, da iniciativa dessas vítimas de denunciar o agressor. Objetivos: Analisar a prevalência dos casos de violência contra a mulher em ambiente domiciliar e conhecer o perfil epidemiológico dessas vítimas da região de saúde de Sobral, no Ceará, e do Brasil entre 2013 e 2017. Material e Métodos: Estudo epidemiológico descritivo e quantitativo dos casos de violência doméstica contra a mulher notificados no Sistema de Informação de Agravos e Notificações (SINAN) no período de 2013 a 2017. Os indicadores utilizados foram: sexo, faixa etária, nível de escolaridade, etnia e tipo de violência. As informações obtidas foram tabuladas em planilhas utilizando o Microsoft Excel. Resultados: Evidenciou-se que na macrorregião do interior do Ceará, foram notificados 1049 casos de violência doméstica, ao passo que no Brasil ocorreram 614.494. Notou-se que o número de mulheres violentadas foi muito superior ao de homens, perfazendo 72% e 79,3% nas respectivas realidades. Ao analisar aspectos como faixa etária e nível de escolaridade, houve uma similaridade entre as prevalências das duas realidades. A faixa etária de 20 a 59 anos conteve a maioria das vítimas, com 455 e 320.918 casos, respectivamente. Quanto ao nível de escolaridade, 299 mulheres declararam ter ensino fundamental incompleto no interior do Ceará, enquanto que no Brasil esse número foi de 137.100. Quanto à etnia, no interior do Ceará a maioria se autodeclarou parda (635), enquanto que no Brasil a etnia branca prevaleceu (215.679). As violências físicas, as autoprovocadas e as psicológicas/morais estão entre as queixas mais relatadas. Considerações Finais: As mulheres estão sujeitas a maiores riscos de violência doméstica. Aspectos históricos e socioculturais as submetem a maior isolamento social, a menor acesso ao mercado de trabalho e a maior dependência financeira. Somam-se a isso vulnerabilidades sociais que impõem barreiras para um maior conhecimento sobre direitos, relacionamentos interpessoais abusivos e atos discriminatórios. A falta de informação sobre recursos de enfrentamento e a ausência de uma rede de serviços e proteção social bem estruturados e integrados, as impede de buscar ajuda. A subnotificação subestima a necessidade de criação de políticas públicas estratégicas. Portanto, é fundamental educar sobre a importância da notificação compulsória e fomentar a participação dos profissionais de saúde, principalmente da atenção primária, no enfrentamento desse problema.

Palavras-chave


Violência Doméstica; Saúde da Mulher; Monitoramento Epidemiológico