Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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FEBRE Q: UMA ZOONOSE SUBESTIMADA NO BRASIL
DANILO ALVES DE FRANÇA, MATEUS DE SOUZA RIBEIRO MIONI, KAROLYNE VALE DE SÁ, JANE MEGID

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: O Brasil é um grande produtor animal, com competitivas criações. Muitos agentes infecciosos circulam em nosso território, especialmente em nossos rebanhos. Agentes zoonóticos são aqueles transmitidos entre animais e humanos, e são um grande problema para a saúde pública, responsáveis por 75% dos casos emergentes e reemergentes de doenças neste século. Em função da alta prevalência de algumas outras doenças tropicais, como é o caso da Dengue, da Malária e da Chicungunya, muitas zoonoses importantes, como é o caso da Febre Q, costumam ser subestimadas no momento da avaliação clínica de pacientes febris, consistindo em um problema comum de subdiagnóstico.
Objetivos: O objetivo deste estudo foi realizar uma atualização sobre os principais aspectos que envolvem a Febre Q e reunir os últimos dados obtidos no Brasil, com o intuito de atualizar profissionais e pesquisadores da área da saúde coletiva a respeito da importância de zoonoses de menor ocorrência.
Material e Métodos: Foi realizada uma revisão bibliográfica com o auxílio do PubMed, Scopus e SciELO, levantando e utilizando 20 artigos científicos dos últimos dez anos para a pesquisa. Foram revisados aspectos históricos, etiológicos, epidemiológicos, de patogenia, clínicos e diagnósticos, dentre outros aspectos da doença. Os termos utilizados para busca foram aplicados na língua inglesa, sendo eles Q fever, Coxiella burnetii, zoonosis, Brazil e prevalence.
Resultados: A Febre Q é uma zoonose, causada por uma bactéria chamada Coxiella burnetii. Foi verificada a capacidade da Coxiella de ser transmitida de animais para humanos, por meio de contato, inalação de aerossóis e consumo de leite cru. Uma zoonose de fácil transmissibilidade e com muitas possibilidades de espécies animais como fonte de infecção. A bactéria possuí mecanismos para burlar o sistema imune e persistir no organismo por anos, e quando não devidamente tratadas, as pessoas desenvolvem doenças crônicas de alta letalidade, como é ocaso da endocardite e da meningoencefalite. Estudos recentes da doença apontam a circulação de cepas no Estado de São Paulo e Rio de Janeiro, endêmica em rebanhos, em animais enviados para abate, e em seus produtos e subprodutos. Sua prevalência tem se mostrado significante em grupos de risco ocupacional, como trabalhadores rurais, funcionários de abatedouros e estudantes de escolas veterinárias.
Considerações Finais: Não existem dados oficiais da ocorrência da Febre Q no país, sendo o conhecimento que se tem hoje da enfermidade sustentado por alguns poucos levantamentos sorológicos desenvolvidos por grupos de pesquisa. No Brasil, ainda é uma doença subestimada, desconhecida entre médicos e médicos veterinários, necessitando de mais estudos sorológicos investigativos e moleculares para termos ciência do seu real impacto no país e possibilitar eficientes medidas de controle e prevenção.

Palavras-chave


Coxiella burnetii; segurança alimentar; subdiagnóstico;