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PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO EXERCÍCIO DE INTERPROFISSIONALIDADE
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, que surge como resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar. O locus da Atenção Básica à Saúde é um campo rico em oportunidades para exercitar essa estratégia, dada a sua organização em equipes de trabalho e sua abordagem ora coletiva, ora individual em um universo de necessidades de saúde de diferentes matizes e complexidades. Objetivo: Relatar a experiência do projeto do PET-Saúde/Interprofissionalidade ao usar o Projeto Terapêutico Singular como exercício de interprofissionalidade. Material e Método: Ao iniciar as atividades com os trabalhadores de uma UBS no município de Uberaba (MG), o grupo de aluno, tutores e preceptores aplicou um questionário de avaliação diagnóstica, cujas respostas mostraram pouco conhecimento sobre o PTS e sinalizaram alguma prática inteprofissional, porém não sistematizada. Além disso, constatou-se expressiva fragilidade nos vínculos, e dificuldades comunicacionais resultantes da má qualidade destas relações interpessoais. As respostas foram apresentadas aos trabalhadores na forma de nuvens de ideias e se propôs uma atividade de educação continuada sobre PTS com as equipes da unidade, porém com o objetivo de extrapolar a abordagem interdisciplinar, exercitando a interprofissionalidade. Após a fundamentação teórica sobre PTS, as equipes tiveram um prazo para escolher um caso de seu território, trazê-lo para o próximo encontro para estruturar uma proposta de PTS e a seguir, executá-la. Resultados: A existência de alguma prática interprofissional, ainda que não sistematizada, comprovou-se nos relatos e falas dos profissionais no encontro para a fundamentação teórica. As equipes escolheram o caso de uma criança de 9 anos, baixo desenvolvimento, recém diagnosticado com Diabetes Mellitus tipo I, cuja família vive em condições de vulnerabilidade social, necessitando de acompanhamento singular. Os trabalhadores da unidade pactuaram a estratégia de atenção à criança e família, a corresponsabilidade e as competências de cada profissional e de todos, com protagonismo da Agente Comunitária de Saúde, de forma que nas visitas domiciliares, ou em qualquer atendimento, cada profissional estaria também representando a equipe. Foram mobilizadas, durante os atendimentos, competências específicas, comuns (orientações em saúde) e colaborativas (acolhimento, responsabilização, formação de vínculo), além de uma comunicação não hierarquizada, sinalizando uma estruturação e intencionalidade de atividade interprofissional. Considerações finais: O PTS reafirmou-se como uma potente ferramenta no exercício da Interprofissionalidade, enquanto tecnologia leve que possibilita a qualificação do cuidado em saúde, a comunicação entre atores envolvidos, e o estreitamento de vínculos.
Palavras-chave
Educação Interprofissional; Atenção Primária à Saúde; Planejamento de Assistência ao Paciente;