Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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A REDE CEGONHA E SUAS IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL NO BRASIL
THALYTA DE ARAUJO FELIZARDO AVELINO, MAIARA CELLY DE ANDRADE VASCONCELOS, BRUNA SANDRELLY PEREIRA BARROS

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


INTRODUÇÃO: Na década de 1990, foi observada no Brasil uma alta taxa de morbimortalidade materna, fetal e neonatal devido a complicações da gestação e parto que não eram diagnosticadas corretamente ou que não eram tratadas de maneira eficaz. Com o intuito de reduzir os desfechos perinatais negativos e promover a melhoria na cobertura e na qualidade do atendimento durante a gravidez, foi instituída com a Portaria nº 569 do Ministério da Saúde em 2000 o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Porém, muitos municípios não se adequavam a ele e ainda perpetuavam práticas sem evidência científica. Em junho de 2011 foi instituída a Rede Cegonha no âmbito do SUS conforme a Portaria Nº 1.459 do MS. Ela oferece uma rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito à atenção humanizada da gestação ao puerpério, além de inovar garantindo acesso aos direitos reprodutivos e assistência ao infante até os 24 meses. O governo tem implementado desde 2011 esse novo programa como forma de complementar o antigo e humanizar o cuidado na saúde materno-infantil, porém a maioria das gestantes não conhecem a sua existência e ainda são vítimas de violência obstétrica. OBJETIVO: Avaliar as implicações da implementação da Rede Cegonha no Brasil e seus desdobramentos no processo de humanização do cuidado pré-natal. MATERIAIS E MÉTODOS: Foi realizada uma revisão de estudos através da pesquisa nas bases de dados de estudos eletrônicos PubMed, Scielo e Google Acadêmico. Foram usados os descritores “Rede Cegonha”, “Cuidado Pré-Natal” e “Humanização”. RESULTADOS: A Rede Cegonha desenvolve ações em 5448 municípios, alcançando 2,6 milhões de gestantes. Ela propiciou o aumento das consultas pré-natais em 93% comparando os anos de 2003 a 2013, diminuiu os índices de mortalidade perinatal e promoveu a criação de centros de parto normal. Ademais, trouxe inovações no cuidado à saúde materno-infantil, trazendo a suficiência de leitos obstétricos e neonatais em UTI e o Método Canguru. Foram agregadas práticas de atenção à saúde baseadas em evidências científicas segundo a OMS e estímulo à implantação de equipes horizontais no cuidado obstétrico e neonatal. Apesar de tantas conquistas para as gestantes, a realidade do cuidado pré-natal em muitas cidades ainda é precária, faltando profissionais qualificados e baseados em evidências, leitos, medicamentos, dentre outros fatores essenciais para uma assistência humanizada. CONCLUSÃO: A humanização na atenção obstétrica não depende apenas da criação de uma lei, mas sim de vários fatores que permitem que a gestante tenha acesso a um pré-natal adequado. Quando isso não ocorre, a mulher fica mais vulnerável a ter desfechos indesejáveis, como nascimento prematuro e doenças gestacionais. É preciso fiscalizar a implementação do programa principalmente nas cidades menores e zona rural, para que as grávidas possuam boa experiência gestacional, com pré-natal e parto humanizados.

Palavras-chave


Rede Cegonha; Cuidado Pré-Natal; Humanização;