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SER ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE: ENTRE O PRESCRITO E O REAL
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) é tida como a base primordial de organização e eficácia dos sistemas de saúde. No Brasil, sua relevância vem sendo firmada como “a peça chave” para a concretização do Sistema Único de Saúde. No entanto, é evidente que o que está tratado na teoria, nem sempre condiz com a realidade, pois para que essa política de saúde tenha efetividade, não basta apenas um arcabouço jurídico-institucional bem estruturado. A APS enfrenta situações diversas, o que exige dos profissionais competências para lidar com as barreiras que aparecem no decorrer da prática. Inserido na equipe de saúde da família, o enfermeiro desempenha atividades que requerem competências assistenciais e do gerenciamento do cuidado. Objetivo: Compreender a atuação do enfermeiro da Atenção Primária à Saúde considerando o prescrito e as vivências reais. Material e Métodos: Trata-se de um estudo de caráter exploratório e de abordagem qualitativa realizado com 8 enfermeiros atuantes na ESF, de municípios do interior de Minas Gerais. Utilizou-se a técnica de amostragem não probabilística “snowball”, onde os indivíduos entrevistados convidam novos participantes da sua rede profissional até que ocorra a saturação dos dados. A coleta ocorreu de março a abril de 2018, por meio de entrevista com roteiro semiestruturado em que se utilizou a Técnica do Gibi como suporte metodológico. Nela, o sujeito, por meio das histórias em gibis, apresenta interpretações da sua experiência, estabelecendo relação com o seu contexto de trabalho. Utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin. O estudo foi aprovado sob o parecer n° 3.027.261 pelo CEP. Resultados: Foram identificadas 3 categorias, sendo elas, o “Processo de Trabalho na Atenção Primária à Saúde: As dimensões de atuação do enfermeiro”, que apontou a prática do enfermeiro no contexto da APS como complexa ao conjugar elementos da assistência e do gerenciamento. Na categoria 2 “Os principais desafios vivenciados no cotidiano dos enfermeiros”, evidenciou-se que fatores externos e internos impactam no trabalho dos enfermeiros na APS dentre eles estão à falta de recursos, o papel da gestão, e questões relativas aos métodos de avaliação dos serviços e, por fim a categoria 3 “Sofrimento moral no contexto da ESF”, cuja percepção tem relação direta com as vivências da prática do enfermeiro, permeado pela interface das vivências do que é o prescrito e o real. Tais ambigüidades geram um misto de sensações como impotência, medo, tristeza, angústia, características do SM. Considerações finais: Evidenciou-se que o real trabalho realizado pelo enfermeiro é complexo, dinâmico e está além do que se delimita teoricamente. Ressalta-se que o que está prescrito, reflete o que é feito pelo Enfermeiro, dentro de suas competências e habilidades, porém a teoria não aponta com detalhes, nem prevê as inúmeras dificuldades. Portanto o alcance da APS ideal é uma construção de reflexão conjunta.
Palavras-chave
Atenção Primária a Saúde; Assistência de Enfermagem; Estratégia Saúde da Família;