Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE INDÍGENA EM UMA REGIÃO DO MATO GROSSO DO SUL, BRASIL
RENATA DE MATOS VICENTE, CAIO GUSTAVO SIMONELLI, FABIANA CASAGRANDA, JULIANA MARA ELORA MARQUES, CAROLINE CAMILA MOREIRA, VERÔNICA GRONAU LUZ

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: A Saúde Indígena no Brasil é regulamentada pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI), que faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2010, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) é o órgão responsável pelo processo de gestão do SASI. É relevante delinear o perfil sociodemográfico dos profissionais de saúde indígena, já que estes são responsáveis pela execução do trabalho em saúde no território indígena e tais informações podem contribuir com estratégias e ações que visam à garantia, segurança e estabilidade nos vínculos de trabalho. Objetivo: Realizar a caracterização sociodemográfica dos profissionais de saúde da SESAI que atuam no Polo Base de Dourados, Mato Grosso do Sul. Material e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo transversal conduzido no primeiro semestre de 2020 por meio de questionário impresso com todos os profissionais da saúde do Polo Base de Dourados que realizavam atendimento direto aos povos indígenas. Os dados foram tabulados em dupla entrada pelo software Epiinfo versão 7.2 e as frequências absolutas e relativas foram analisadas pelo IBM SPSS Statistics 19. Resultados: Do total de trabalhadores (n=126), o estudo avaliou a maioria (n=102; 80,5%). Não houve recusa, mas a totalidade não foi concluída devido à interrupção da coleta de campo pela pandemia causada pelo Covid-19. A maior parte dos profissionais era do sexo feminino (58,8%), com média de idade de 38,7 anos, com os extremos de 20 e 73 anos, e em sua grande maioria, casados (79,4%). A equipe de saúde era multiprofissional e o tempo médio de trabalho dos profissionais foi de 11,7 anos, com variação de 1 a 36 anos. A maioria dos trabalhadores era indígena (81,4%), pertencente as etnias Guarani Ñandeva (30,4%), Guarani Kaiowá (23,5%) e Terena (27,5%). Os profissionais indígenas abrangiam todos os Agentes Indígenas de Saúde (AIS), Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN), técnicos de enfermagem e auxiliares de saúde bucal, alguns enfermeiros e odontólogos. Quanto à escolaridade, a maior parte referiu ter o ensino médio completo (55,9%). Em relação à renda, 39,2% relataram receber até meio salário mínimo per capita, considerando que os salários dos AIS e AISAN eram de aproximadamente um salário mínimo. Referente à religião, 79,4% responderam possuir alguma, sendo que destes 52,8% se consideravam como evangélico/protestante. Conclusões: A maioria dos profissionais era indígena, possuía baixa escolaridade e baixo salário, consequentemente, uma baixa renda per capita. O tempo de trabalho consideravelmente alto, atrelado a estas condições, pode implicar sobre a qualidade de vida dos trabalhadores. Tais informações demonstram a necessidade de repensar a atuação dos profissionais de saúde indígena, para além de sua valorização enquanto formação, sobretudo dos AIS e AISAN, já que são os profissionais-chave na execução das ações de saúde da comunidade, mas recebem os menores salários.

Palavras-chave


Pessoal de Saúde; Saúde Indígena; Atenção Primária à Saúde