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MULTIFATORIALIDADE ATRELADA AOS HÁBITOS DE HIGIENE E RELATO DE QUADROS PRÉVIOS DE DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS EM CRIANÇAS
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: Hábitos incorretos de higiene, frequentes na infância, favorecem a disseminação de doenças infecto-parasitárias (DIP). Nesse contexto, sabe-se que o paciente pediátrico é o mais acometido pelas parasitoses intestinais (PI) e possui maior risco de desenvolver formas clínicas graves das arboviroses, exemplificadas por dengue, zika e chikungunya. Objetivo: Identificar fatores capazes de influenciar na higiene pessoal e no relato de adoecimento por DIP em crianças; a fim de determinar pontos que devem sofrer intervenção. Material e métodos: Em escolas da rede pública de Xonin de Cima, Minas Gerais, 125 estudantes (4 a 10 anos; mediana=7) responderam a questionários. Os dados obtidos foram analisados no programa estatístico Graphpad Prism 7 com os testes qui-quadrado, Fisher (n<5) e Odds Ratio, fixando-se significância em p<0,05. A partir das informações estudadas, formularam-se intervenções. Resultados: No que concerne ao conhecimento, crianças que possuem responsável trabalhador rural apresentaram 5,12 vezes mais chances de saber sobre DIP (IC95%=2,13-12,29; p=0,0001). O conhecimento sobre higiene esteve correlacionado à escolaridade ensino fundamental (p=0,03) e à renda familiar ligada ao trabalho de três ou mais pessoas (p=0,04). Considerando a história médica pregressa (HMP) relatada, crianças que possuem história familiar positiva para arbovirose apresentaram 3,04 vezes mais chances de apresentar quadros de dengue, zika ou chikungunya (IC95%=1,27-7,28; p=0,0105); ocorreu correlação entre HMP de arbovirose e cursar educação infantil (p=0,04); e entre HMP de PI e o fato de possuir horta (p=0,0002) ou quintal (p<0,00001) em ambiente domiciliar. Quanto aos hábitos de higiene, obteve-se correlação entre não lavar alimentos e idade 4 a 6 anos (p=0,01); e sexo masculino (p=0,03). Houve associação entre responsável cuja ocupação baseia-se no preparo de alimentos e criança que lava as mãos em todos os momentos necessários (p=0,02). Meninos exibiram menores chances de escovar os dentes em comparação às meninas (OR=0,3367; IC95%=0,1579 – 0,7183; p=0,04). A partir dos resultados obtidos, os temas higiene, arboviroses e PI foram abordados em atividades de educação em saúde e em feira multidisciplinar, integrando escolares, familiares, a comunidade local e a universidade. Conclusões: Percebe-se que elementos intrínsecos às crianças, como sexo, idade e escolaridade; bem como história familiar, aspectos vinculados à moradia, renda e ocupação dos responsáveis conseguem influir em hábitos de higiene, conhecimento e na HMP relatada. Assim, para prevenir novos adoecimentos por arboviroses e PI, é imperativa implementação de intervenções que promovam conhecimento e bons hábitos de higiene, conscientizem acerca da importância de cuidados com o ambiente domiciliar e extrapolem informações à família; como as atividades desenvolvidas pelo presente trabalho.
Palavras-chave
Higiene; Arboviroses; Doenças Parasitárias