Tamanho da fonte:
INSERÇÃO DE ESTUDANTES DA SAÚDE EM COMUNIDADES RURAIS DE ALAGOAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Última alteração: 02-10-2020
Resumo
Introdução: Na formação médica atual, a vivência prática ainda é tardia e o contato com a comunidade quase inexistente. Essa dissociação entre a academia e o cotidiano do futuro profissional revela falhas no processo formativo dos profissionais de saúde. Para sanar essa deficiência, as Diretrizes Curriculares Nacionais pressupõem que os cursos de Medicina promovam a interação do acadêmico com usuários e profissionais de saúde no início de sua graduação, a fim de solidificar um perfil de profissional mais humanizado e preparado para agir frente aos problemas reais. O curso de Medicina do campus Arapiraca da Universidade Federal Alagoas ofertou, no segundo semestre de 2018, a disciplina eletiva “Entendendo mais do paciente da comunidade” para promover a inserção e integração do discente com a comunidade e a prática médica. Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos da saúde nas práticas da disciplina eletiva. Métodos: A disciplina eletiva permitiu, através de debates com acadêmicos de Medicina, Enfermagem e Educação Física, a compreensão da dimensão da Atenção Primária em saúde. Propiciou também o planejamento e a execução de ações voltadas para grupos de risco de uma UBS local: tabagistas, hipertensos, diabéticos, mulheres e crianças. Resultados: A ascensão de doenças crônicas tornou a visão biomédica insuficiente para lidar com as demandas do serviço de saúde, assim a ampliação da compreensão do processo saúde-doença permitiu integrar diferentes esferas da saúde à atenção primária. Com a inclusão de acadêmicos de diferentes áreas da saúde e a realização de exercícios físicos e práticas culturais nas ações, a disciplina eletiva cumpre com a interdisciplinaridade. Tendo em vista que a efetiva comunicação é fundamental para a prática clínica e que essa habilidade requer prática e aperfeiçoamento constantes, a antecipada inserção dos discentes na comunidade, ao exigir adequação ao vocabulário dos usuários, alavancou a percepção quanto às competências necessárias para desenvolvê-la. As interações promovidas pela disciplina viabilizaram um diálogo entre a universidade e a comunidade, aproximando os dois mundos. Permitiu, além da troca de saberes, estabelecer uma relação de confiança entre estudantes, profissionais e usuários dos serviços de saúde e um trabalho conjunto em prol do bem-estar da comunidade. Conclusão: Esse relato expressa a possibilidade de se criar, no início da vida acadêmica, uma relação com a comunidade, cujo vínculo proporciona benefícios para ambos os lados. Isso acontece pela prevenção e promoção da saúde realizadas de maneira empática, ao melhorar a comunicação e o entendimento dos usuários, e pelo desenvolvimento, por parte dos acadêmicos, das habilidades e competências necessárias para a formação médica. Assim, a disciplina aflorou a sensibilidade do aluno diante das necessidades do usuário, distanciando-o de um perfil de profissional automatizado.
Palavras-chave
Educação Médica; Prática Interdisciplinar; Comunicação em Saúde;