Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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TERRITÓRIO DE SAÚDE, TERRITÓRIO DE VIDA
SHEILA APARECIDA DA SILVA, GILDISON GABRIEL CARVALHO DA CRUZ, ELORA DERYAN DOS SANTOS SILVA, ANDREZZA COELHO NOMELINI, ALDO MATOS

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


Introdução: Ainda que existam muitos conceitos de território, na área de saúde esse termo remete ao lugar no espaço-tempo-sociedade-cultura em que se processam as relações sociais, onde os problemas de saúde são vivenciados e se dá a interação com as equipes de atenção à saúde. Configura-se como espaço dinâmico, vivo e regido por diversos níveis e complexidades de interações. Objetivo: Relatar a experiência do projeto do PET-Saúde/Interprofissionalidade no reconhecimento dos territórios de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família (USF) no município de Uberaba-MG. Metodologia: A atividade ocorreu em três etapas em momentos distintos. Primeiramente, alunos, tutores e preceptores fizeram a leitura do Diagnóstico Situacional elaborado pelas equipes da unidade em 2018, após a leitura realizamos um encontro para preenchermos uma planilha analisando os pontos negativos e positivos. Na segunda etapa, formaram-se dois subgrupos, e cada um fez visita guiada por Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) a um dos territórios da área de abrangência da unidade, confrontando os dados do Diagnóstico Situacional com o observado na visita. Por fim, os componentes do PET acompanharam as ACS em visitas domiciliares a usuários que foram escolhidos por elas. Resultados: O Diagnóstico Situacional permitiu vislumbrar uma imagem estática da área de abrangência da USF, composta por dois territórios com características distintas no que se refere à demografia e à disponibilidade de espaços de socialização. A visita aos territórios, guiada pelas ACS, possibilitou por um lado averiguar que não havia incongruências com o Diagnóstico Situacional, e por outro foi permeado por relatos das ACS que começaram a dar vida à imagem estática anterior e articular as histórias das famílias e a dinâmica de organização própria do território com as ações das Equipes de Saúde da Família. Nas visitas domiciliares percebeu-se com maior profundidade a complexa organização que compõe a vida no território, como as histórias de vida impactam na forma autopercepção do usuário no processo saúde-adoecimento, e como isso dialoga com os arranjos sociais no território, que vão desde a escala micro ou familiar até a oferta e utilização tanto dos espaços de socialização quanto dos serviços oferecidos pela USF. Nesse momento chamaram atenção a saúde mental pela frequência de depressão, e também a capacidade das ACS para vincular os usuários à USF, de forma não apenas documental. Considerações finais: O território pode ser descrito a partir de estratégias, como o Diagnóstico Situacional que é uma importante ferramenta para subsidiar as decisões administrativas e políticas. Porém, enquanto espaço dinâmico e vivo, o território só pode ser compreendido de fato, ao se mergulhar nele, e nesse movimento a Atenção Básica mostra-se com potencial de se articular de tal forma à dinâmica dos territórios que permite preencher com saúde a vida das pessoas.

Palavras-chave


Território Sociocultural; Educação Interprofissional; Atenção Primária à Saúde