Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, II Congresso de Saúde Coletiva da UFPR

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A NOVA CRONICIDADE EM SAÚDE MENTAL: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA DA DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE - DOENÇA
DAFNE DRUMOND BONI

Última alteração: 02-10-2020

Resumo


INTRODUÇÃO: A cronicidade em saúde mental tem sido associada ao surgimento da psiquiatria, no séc XVII, baseada nas ideias de tutela e controle médico. O período do “grande enclausuramento” origina um modelo – da instituição total - cujas raízes se mantém até meados do séc XX. Pós-segunda guerra mundial, a evidência da falência das instituições manicomiais no tratamento de pessoas com sofrimento mental origina diversos movimentos de reforma da atenção em saúde mental. Para esses movimentos, a cronificação resulta do modelo manicomial, sendo urgente superá-lo. A crítica a esse modelo no Brasil se desenvolve a partir do final da década de 1970 e produz as bases da reforma psiquiátrica brasileira. Atualmente, diante do importante e contraditório desenvolvimento da atenção psicossocial no Brasil, vários autores (Amarante, Desviat, Kinoshita), apesar de destacarem os avanços da rede de serviços substitutivos – como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – apontam o advento de uma nova cronicidade, com rupturas e continuidades em relação à cronicidade manicomial. Ante o exposto, esta pesquisa, ainda em fase de projeto, pretende buscar na teoria da determinação social, que compreende a saúde-doença como uma totalidade condicionada pela vida social nos âmbitos geral, particular e singular, subsídios para a análise desse tema pouco estudado e tão relevante para a saúde mental. OBJETIVO: Analisar a determinação social da nova cronicidade em saúde mental a partir da realidade de um CAPS do município de Curitiba. Parte-se da hipótese de que as raízes da nova cronicidade se encontram tanto nos limites concretos da atenção em saúde mental quanto nas relações sociais predominantes que contribuem para condições de vida produtoras de sofrimento crônico. MATERIAL E MÉTODOS: O método-guia dessa pesquisa é o materialismo histórico dialético, expresso na teoria da determinação social do processo saúde-doença. A técnica de coleta de dados envolverá a entrevista semiestruturada com profissionais de um CAPS de Curitiba, buscando apreender elementos e processos relacionados à nova cronicidade. A análise temática norteará a identificação das relações dialéticas de determinação do processo de cronificação em saúde mental, nos níveis singular, particular e geral. RESULTADOS ESPERADOS: Pretende-se, por meio dos relatos, demonstrar como a nova cronicidade em saúde mental possui múltiplas determinações. Planeja-se analisar como os processos mais gerais, como a reestruturação produtiva e a medicalização social, contribuem para a produção do sofrimento mental crônico; bem como, examinar de que modo a inserção em coletividades particulares (classe social, categorias profissionais, gênero, etnia etc.) e os limites à implantação da Reforma Psiquiátrica em serviços de saúde mental concretos condicionam a nova cronicidade manifesta, em âmbito singular, nos usuários dos serviços.

Palavras-chave


Cronificação em Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica; Determinação social do processo saúde- doença