Última alteração: 20-10-2022
Resumo
Introdução: O Programa Bolsa-Atleta configura-se com o principal incentivo financeiro direto aos atletas brasileiros (Moraes e Silva et al., 2015; Souza, 2021). Entre 2005 e 2022 o Programa já distribuiu 62.763 bolsas, para 25.851 atletas, totalizando R$ 1.129.152.420,00 investidos. As modalidades gímnicas registraram 1.286 bolsas recebidas desde o início do Programa e a Ginástica Rítmica (GR), especificamente, contabilizou um total de 648. A GR brasileira está em expansão, ganhando notoriedade internacional, pois a título de exemplo, classificou representante para a final individual do campeonato Mundial de 2021 e o conjunto brasileiro foi campeão Pan-Americano (2021 e 2022). Objetivos: identificar as peculiaridades do Programa Bolsa-Atleta na GR, considerando o número de contemplados e valor investido, distribuição de categorias de bolsas a ano, local de nascimento das contempladas e a permanência (ou não) da atleta no Programa. Métodos: A pesquisa de cunho exploratório seguiu quatro etapas: 1) pesquisa documental a partir das listas de atletas contemplados, publicadas no Diário Oficial da União de 2005 a2022; 2) consulta aos sites da Federação Internacional de Ginástica (FIG) e da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG); 3) catalogação dos dados; 4) análise de documentos oficiais relativos ao Programa Bolsa-Atleta e outros registros que tratam da temática. Os dados foram analisados a partir de análise de conteúdo (Bardin, 2016), acrescida do método descritivo (Gil, 2008). Resultados e Discussão: Dentro do período pesquisado houve 230 atletas de (GR) contempladas pelo Bolsa-Atleta. A distribuição das categorias de bolsa ao longo desse período foi: estudantil 36, nacional 391, internacional 192, olímpica 28, e pódio 1. Tais dados enfatizam a abrangência do Bolsa-Atleta, especialmente nas categorias nacional e internacional. Afinal o Bolsa-Atleta representa um elemento que garante a estabilidade financeira das contempladas, de modo que elas organizam a trajetória esportiva de ginastas, melhorando o desempenho atlético pela possibilidade de maior dedicação aos treinos e competições (Paz et al., 2018; Vargas & Capraro, 2021). Identificou-se que 74 ginastas (32,18%) receberam apenas uma vez o Bolsa-Atleta, entretanto uma atleta recebeu por 10 vezes (0,43%). A baixa perenidade de atletas no Programa foi constata em outras pesquisas (Souza, 2021; Vargas et al., 2022). Tal modalidade gímnica tem o maior número de entidades esportivas no Brasil e, por conseguinte, maior quantidade de atletas nas diversas regiões brasileiras. O perfil de bolsas distribuídas para a GR demonstra a predominância da região Sul do país, que registrou 353 bolsas ao total (54,47%), com distinção do estado do Paraná, com 215 (33,17%). Afinal, a Federação Paranaense de Ginástica (FPRG) é a entidade esportiva com mais afiliadas na CBG (Lourenço, 2015). Conclusão: O Bolsa-Atleta se estabelece como uma importante política pública às atletas de GR, destacando as bolsas destinadas às categorias nacional e internacional, com rotatividade no alto nível competitivo entre as bolsistas, pois a maioria recebe bolsa durante uma edição. A GR foi a modalidade gímnica mais beneficiada, mas são necessários avanços para a manutenção das atletas no Programa, maior distribuição nas categorias de base e rever os critérios para a aptidão a bolsa pódio na modalidade.