Biblioteca Digital de Eventos Científicos da UFPR, IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE GESTÃO E POLÍTICAS PARA O ESPORTE

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Programa Bolsa-Atleta: o caso de Dyego Hypolito
Pauline Iglesias Vargas, Maria Eloisa de Oliveira, André Mendes Capraro

Última alteração: 03-05-2019

Resumo


Introdução e objetivo (s): uma das principais políticas públicas para o desenvolvimento do esporte no Brasil, o programa Bolsa-Atleta, desde sua criação em 2005, vem beneficiando atletas brasileiros com recursos federais tendo por objetivo desenvolver o esporte de alto nível no país (MEZZADRI et al, 2015). A mais alta categoria de bolsa dentre as ofertadas pelo Programa é a Bolsa Pódio, destinada a incentivar atletas com chances reais de medalha olímpica. Para pleitear tal bolsa o atleta deve estar entre os vinte primeiros colocados do principal campeonato internacional de sua modalidade (BRASIL, 2017). O ginasta brasileiro Diego Hypolito, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, foi um dos atletas contemplados pelo Programa Bolsa-Atleta desde 2011. Nos primeiros três anos de incentivo o atleta recebeu a Bolsa Olímpica. Dentre os anos de 2014 e 2017 o atleta foi contemplado pela mais alta categoria de bolsa, recebendo então R$ 15.000,00 mensais de incentivo Federal. No entanto, em 2017, o atleta não participou do Campeonato Mundial de Ginástica Artística devido a recuperação de uma cirurgia na coluna no início do ciclo olímpico. Desde então, Hypolito não esteve em competições internacionais (FIG, 2018). Recentemente o ginasta manifestou-se publicamente, por meio de redes sociais e entrevistas para jornais, contrário às políticas públicas do esporte no país, nas palavras dele: “[...] não existe um plano de esporte no Brasil. Nós atletas somos peças de tabuleiro. Somos usados na Olimpíada, mas depois que tem o resultado pouco importa. É difícil construir um sonho dessa maneira [...]” (GLOBO ESPORTE, 2019). Tal declaração foi dada após o atleta não renovar a Bolsa Pódio do Programa Bolsa-Atleta, no entanto, o referido edital exige a participação em competições internacionais para que o atleta possa pleitear o recebimento desta. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo analisar as publicações do atleta Diego Hypólito sobre o “não” incentivo ao esporte brasileiro e tensiona-la partir da comparação com os documentos oficias (editais e portarias) a respeito do Programa Bolsa-Atleta, em especial categoria Pódio. Métodos: a metodologia se deu por meio de pesquisa documental a partir dos documentos oficias (portarias e editais) disponibilizados no site do Programa Bolsa-Atleta. Do mesmo modo, foi realizado um levamento das declarações públicas do atleta Diego Hypolito por meio de jornais eletrônicos e redes sociais. A partir da análise de conteúdo buscou-se tensionar as manifestações do atleta com as fontes que tratam do Programa de incentivo ao esporte nacional. Resultados e Discussão: antes de ser amparado pelo Programa Bolsa-Atleta, Hypólito apresentava bom desempenho em competições internacionais, a exemplo a medalha de ouro conquistada no aparelho solo no Campeonato Mundial de Ginástica de 2007 (FIG, 2018). Em 2011, ano em que o atleta foi contemplado pela Bolsa Olímpica, Diego Hypolito conquistou a medalha de bronze no solo no Campeonato Mundial. No ano seguinte, o atleta passou por uma cirurgia de menisco que comprometeu seu desempenho nos Jogos Olímpicos daquele ano. Mesmo finalizando os Jogos Olímpicos de 2012 em 59º lugar o atleta manteve-se recebendo a Bolsa Olímpica, pois para fins de recebimento da Bolsa Olímpica, cabe ao atleta manter-se participando de eventos internacionais (BRASIL, 2011). Fato que ocorreu nos anos seguintes aos Jogos. No ano de 2013, Diego Hypolito recuperou-se no ranking internacional, finalizando o Campeonato Mundial em 5º lugar no solo e manteve-se recebendo o benefício da Bolsa Olímpica. No ano seguinte, 2014, o atleta passou a receber a categoria Pódio do Programa e conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial (FIG, 2018). Mesmo não tendo participado da principal competição da Federação Internacional de Ginástica em 2015, o atleta continuou a receber a Bolsa Pódio. Possivelmente, tal recurso foi liberado tendo em vista os resultados obtidos pelo atleta nas etapas da Copa do Mundo de Ginástica daquele ano, nas quais foi vice-campeão do aparelho solo na Copa do Mundo de Ginástica de São Paulo e de Doha. No ano de 2016 o atleta conquistou a então inédita medalha brasileira, prata na prova de solo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Nos anos de 2016 e 2017 o atleta permaneceu sendo beneficiado pela Bolsa Pódio, tendo em vista o resultado obtido nos Jogos Olímpicos. No entanto, conforme a Federação Internacional de Ginástica (2018), o atleta não participou de nenhum evento internacional desde então. Ainda assim, de acordo com a Confederação Brasileira de Ginástica (2019), o atleta permanece na Seleção Brasileira de Ginástica Artística, deixando dúvidas da continuidade na preparação para os Jogos Olímpicos 2020. Mais recentemente (2019), Diego Hypolito utilizou de redes sociais para afirmar que pretende representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas reforçou a necessidade de apoio federal para este feito. Hypólito, demonstrando insatisfação em seu discurso, afirmou: “Vejamos a que ponto o esporte brasileiro chegou, sou medalhista olímpico [...] ser atleta no Brasil é mais que ser herói”. Em entrevista ao Globo Esporte (2019) Diego alega: “sou medalhista olímpico e vou ficar fora por causa de uma lei escrita em algum lugar que diz que você tem que estar dessa e dessa maneira.”. Vale destacar que o ministério investiu R$ 723,6 mil diretamente na preparação do ginasta entre 2011 e 2017 a partir do Programa Federal Bolsa-Atleta e o rompimento do benefício, ocorreu devido ao fato do atleta não preencher os requisitos mínimos para o seu pleito, ou seja, o atleta esteve ausente nos Campeonatos Mundiais de Ginástica de 2017 e 2018, obviamente ficando de fora das 20 primeiras colocações internacionais mínimas para a solicitação da Bolsa Pódio. Considerações Finais: Oposto ao que o atleta apresenta em seu discurso, existem políticas esportivas com intuito de apoiar futuros medalhistas olímpicos no Brasil. Inclusive Diego Hypolito foi amparado pelo Programa Bolsa-Atleta por boa parte de sua carreira atlético, mesmo quando afastado por lesões, ou ainda, quando substituiu o Campeonato Mundial por etapas de Copa do Mundo. No que tange o ano de 2018 até o momento (2019) a Lei nº 12.395/2011 e a Portaria nº 67/2013, que disciplinam o Programa Bolsa-Atleta, está sendo cumprida, visto que o objetivo principal da Bolsa Pódio é incentivar atletas com reais chances de medalha Olímpica, e não gratificar atletas por feitos do passado. No que tange a Bolsa Olímpica, Hypolito não se enquadra pois não está ativo internacionalmente.

Palavras-chave


Bolsa-Atleta; ginástica; investimento; políticas públicas; esporte.

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