Última alteração: 22-12-2021
Resumo
A comunicação pública empregada pelo Estado pode aumentar a transparência e melhorar os serviços governamentais, mas também pode ser utilizada prioritariamente para a conquista e a manutenção de poder. Em contextos de doenças infecciosas, torna-se ainda mais relevante que a comunicação atenda aos interesses dos cidadãos e divulgue informações precisas sobre sintomas, métodos de prevenção e de tratamento. Contudo, o Ministério da Saúde (MS) tem sido acusado de disseminar desinformação a respeito da pandemia da Covid-19. Diante desse contexto, este trabalho é norteado por três questões de pesquisa: 1) Quais informações sobre a Covid-19 foram divulgadas pelo MS no Twitter? 2) O MS utilizou essa plataforma para instruir a população acerca da nova doença ou priorizou uma comunicação instrumentalizada? 3) Em que medida a troca de ministros à frente da pasta interferiu na comunicação pública empregada pelo MS no Twitter? Para respondê-las, foram coletados todos os tweets publicados pela conta do Ministério entre 20 de março de 2020 e 15 de junho de 2021. Foram então selecionados somente aqueles que mencionavam uma das palavras-chave (a saber: Covid e Coronavírus). O corpus desta pesquisa compreende, portanto, 2.322 tweets. A estratégia metodológica aplicada é a Análise de Conteúdo léxica por meio do software Iramuteq. Os resultados indicam que 50,2% das publicações ao longo do período estudado tratam de Covid-19. O pico de postagens ocorreu já no início da crise sanitária – em abril de 2020. E, além de dedicar alguns tweets à defesa de medicamentos sem comprovação científica, o Ministério priorizou a promoção da imagem do governo e de atores políticos em detrimento do compartilhamento de informações importantes no combate à doença. O tema da vacinação, por sua vez, tornou-se frequente somente durante a gestão de Marcelo Queiroga, a partir de março de 2021.
Palavras-chave: comunicação pública; Ministério da Saúde; Twitter, Covid-19.
DOI: 10.5380/2dcp2021.artcomp01p13-25