Última alteração: 15-10-2020
Resumo
Esse artigo tem como objetivo analisar o comportamento de brasileiros e brasileiras na última década em relação à participação das mulheres na política. Utilizamos a metodologia quantitativa de análise e manipulação de Survey’s aplicados pelo Latin American Public Opinion Project (LAPOP) entre os anos de 2008 e 2018. Para responder a seguinte questão: Os brasileiros acreditam que as mulheres são piores líderes políticas? Como objetivo secundário pretende-se, primeiro, realizar a análise longitudinal de toda a série histórica de aplicação do LAPOP, para verificar se há mudanças de comportamento social e segundo, analisar se existe correlação entre o gênero do/a entrevistado/a e a variável dependente. Parte-se da hipótese de que as mulheres historicamente possuem espaço diminuto em relação aos homens na política, por isso quando ocupam cargos de liderança são consideradas menos capazes que os indivíduos do sexo masculino. Essa hipótese respalda-se, por exemplo, na concepção de Rita Laura Segato (2006), para quem as relações de poder são responsáveis pela substancial desigualdade entre homens e mulheres, bem como, na opinião pública expressa pelos Meios de Comunicação de Massa (MCM). Diante das hipóteses e objetivos elencados, o artigo foi organizado da seguinte forma: inicialmente, é feita uma breve retomada da teoria que demonstra como se constituiu a dominação dos homens sobre as mulheres, relegando a essas uma posição de desprivilegio social que se reflete em todos os âmbitos sociais, inclusive na política. Posteriormente, apresenta-se um retrato das mulheres na política traçados pelos MCM, seguida pela apresentação da metodologia e dos resultados. Verificou-se que de maneira geral brasileiros/as acreditam que os homens não são melhores líderes políticos que as mulheres em todos os anos analisados, além disso, não houve mudanças significativas ao longo da década. Todavia, percebeu-se que são sempre os homens quem acreditam que as mulheres são piores líderes políticas, desmistificando assim a ideia do senso comum de que as mulheres não acreditam politicamente em outras mulheres.
Palavras-Chave: Mulheres; Política; Opinião pública; Liderança feminina.
DOI: 10.5380/SDCP1.2020.gt3_art21